quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Capitulo 27 e 28





Capitulo 27 

Acordei na manhã seguinte, sentindo uma respiração bater pesadamente em meu pescoço. Abri os olhos sem me mexer, e então senti um peso em minha cintura, olhei cuidadosamente pra baixo e vi a mão de
 Joe entrelaçada na minha. Me virei um pouco ficando de barriga pra cima de modo que pudesse encarar o teto, Joe não fez nenhuma menção de ter acordado, eu sorri sozinha e pousei minha mão livre delicadamente em sua nuca e fiquei acariciando seu cabelo.

A única coisa que se ouvia era o tic tac do relógio na cômoda, imaginei que devia ser cedo, já que
 Logan ainda não tinha acordado. Fiquei alguns instantes lembrando da noite anterior, e todos os meus pensamentos me levaram apenas pra uma pessoa... Anne.
Afinal, ela e
 Joe estavam ficando e ainda assim ele falou aquilo tudo pra mim. Suspirei baixinho tentando adivinhar o que viria a seguir. Eu sabia que Joe não tinha falado com ela no dia anterior, pelo menos não depois de eu estar acordada. Será que eles tinham brigado na festa ou alguma coisa do tipo? Resolvi não me animar demais, eu pude ver na festa que Joe parecia realmente gostar dela, mesmo que fosse pouco comparado ao que ele sentia por mim (ou não), ele gostava dela, e eu sabia que ele a respeitaria. 

Ouvi um risinho baixo e quando virei meu rosto vi
 Joe me encarando com uma expressão engraçada.
‘Que foi?’ Perguntei um pouco sem graça.
‘Você estava tão absorta em pensamentos que eu parei pra admirar.’ Ele deu de ombros. Eu abri a boca pra falar alguma coisa, mas não emiti som algum. Voltei a encarar o teto enquanto sentia o polegar de
 Joe passeando pelas costas da minha mão.
‘Eu senti falta de dormir sentindo o perfume do seu cabelo.’ Ele admitiu antes mesmo que eu pudesse perguntar. Eu reprimi um sorriso e apenas continuei encarando o teto.
‘Você sabe o que está fazendo, certo?’ Virei um pouco meu rosto podendo encarar seus olhos que expressavam duvida. ‘Digo, falando essas coisas pra mim.’ Ele abriu um pequeno sorriso no canto da boca e eu continuei o encarando séria.
‘Espero que sim.’ Ele falou baixo e eu concordei balançando a cabeça.

Os minutos que permanecemos em silêncio pareceram horas sem fim. Agora além do tic tac do relógio, eu podia ouvir sua respiração batendo constantemente em meu ouvido. Pensei em citar delicadamente alguma coisa sobre a Anne, mas nenhuma desculpa convincente surgiu em minha cabeça.
‘Hoje é domingo.’ Ele falou num tom de voz calmo e ao mesmo tempo deixando transparecer seu incomodo por causa do silêncio. Eu concordei balançando a cabeça sem olhá-lo. ‘Quer sair, fazer alguma coisa?’ Ele manteve a voz calma e eu suspirei.
‘Talvez.’ Dei de ombros, um pouco mais indiferente do que eu realmente estava. Senti seu olhar em meu rosto, me analisando atentamente e não ousei virar para encará-lo. De alguma forma, eu sentia o impacto das palavras que trocamos no dia anterior, e aquilo me deixava sem reação.

‘Você já pensou em ter que dividir alguém que você ama muito, com outra pessoa?’ Falei me assustando com a naturalidade com que minhas palavras saíram. Eu estava me referindo à Anne, mas tinha certeza que ele não iria entender tão rápido.
‘Hm.’ Ele pareceu pensar por alguns instantes. ‘Provavelmente não.’ Respondeu num sussurro. Eu me virei pra encará-lo, mas seu rosto estava um pouco abaixado e ele parecia encarar nossas mãos ainda entrelaçadas.
‘Dói só de pensar.’ Eu admiti falando tão baixo quanto ele. Ele levantou os olhos encontrando os meus e ficamos nos encarando em silêncio.
 
Eu amava encarar os olhos de
 Joe, apesar de eu raramente conseguir saber o que ele estava pensando ou sentindo, eu sempre podia ver sua inocência quando os encarava. Apesar de seus quase vinte e um anos, e de todas as indecências que ele vê, pensa e faz, é só olhar nos olhos dele para perceber que ele ainda é como uma criança. É como se eu pudesse ver o Logan através de seus olhos.

‘Não é como se a culpa fosse só minha.’ Ele finalmente falou num tom de defesa e eu imaginei se ele tinha entendido sobre o que eu estava falando.
‘Eu sei.’ Mordi meu lábio virando meu rosto para o outro lado já um pouco perturbada com os olhos de
 Joe. O ouvi suspirar pesadamente e soltar delicadamente minha mão. Encarei isso como uma indireta para que encerrássemos o assunto permaneci calada encarando a parede ao meu lado.

‘O silêncio é um barulho assustador.’ Ele falou quando o silêncio já tinha se tornado mais aterrorizante que qualquer barulho estrondoso.
 
Eu ri levemente e me levantei sentindo minha cabeça pesar um pouco. Sentei na beirada da cama e abracei minhas pernas encostando minha testa em meus joelhos. Suspirei tentando fazer com que o maldito perfume de
 Joe parasse de me intoxicar, mas acabei levantando quando percebi que não estava dando resultado.
Entrei no banheiro fechando a porta atrás de mim e encarei meu reflexo no espelho. Meus cabelos estavam um pouco bagunçados, mas pelo menos não havia olheiras ou qualquer sinal de cansaço em meu rosto. Penteei meus cabelos, prendendo-os num rabo de cavalo alto e escovei meus dentes lavando o rosto em seguida. Quando saí do quarto
 Joe não estava mais lá, parei encarando a cama vazia e imaginei se ele já fazia alguma idéia de que eu sabia sobre Anne.

‘Bom dia, mamãe!’
 Logan entrou no quarto sorrindo afastando meus pensamentos.
‘Bom dia, meu amor!’ O carreguei beijando sua bochecha.
‘Papai tá triste.’ Ele falou inocentemente pegando em meu rosto.
‘É? E porque você acha que o papai tá triste?’ Sentei na cama com ele em meu colo.
 Logan ficou algum tempo calado e depois voltou a me olhar. 
‘Não sei, parece que tá triste.’ Ele fez bico e eu sorri fraco.
‘Então porque você não vai lá e dá um abração no papai, pra ele ficar feliz?’ O botei no chão enquanto ele concordava freneticamente, segundos dele ele saiu correndo do quarto. Suspirei pesadamente antes de me levantar e seguir o mesmo caminho que
 Logan.

Quando passei pelo quarto de
 Joe, ele estava sentado na cama de costas pra porta com Logan em seu colo. Os dois riam enquanto Joe parecia contar uma história boba pra ele fazendo sons engraçados com a boca. Encostei no batente da porta observando aquela cena, sem que eu percebesse o sorriso já estava estampado em meu rosto. Logan olhou pra mim e sorriu, chamando a atenção de Joe, que olhou pra trás e me encarou sem sorrir. Nos olhamos por alguns segundos, então eu sorri fraco e saí do quarto ouvindo ele voltar a falar com o filho.

Caminhei lentamente até a sala e me sentei no sofá encarando a televisão desligada. Os dvd’s ainda estavam pelo sofá me fazendo novamente lembrar da noite anterior, um frio percorreu meu corpo quando eu lembrei das palavras de
 Joe. Abracei minhas pernas e fechei os olhos inspirando ar gelado a minha volta.
‘Ei, não vale dormir de novo!’
 Joe apareceu na sala e eu o olhei, apesar de seu tom brincalhão, ele não sorria.
‘Não vou.’ Falei sorrindo fraco e só então ele sorriu da mesma maneira.
‘Quer tomar café?’ Ele perguntou já na cozinha.
‘Eu quero!’
 Logan falou alto e nós rimos. Me levantei indo até a cozinha e sentei ao lado da cadeirinha de Logan.
‘Sanduíche ou torradas?’
 Joe perguntou botando algumas coisas na bancada.
‘Torradas!’ Eu e
 Logan respondemos juntos e sorrimos.
Joe preparou algumas torradas e depois nós 3 comemos em silêncio. Eu não tinha muita coragem de olhar pro
 Joe, e acho que o mesmo acontecia com ele, já que eu não sentia nenhum par de olhos me encarando.
‘Alguém quer ir ao shopping?’ Ele falou tão de repente que eu não consegui evitar um pequeno sobressalto. ‘Assustei tanto?’ Ele falou meio sem graça e eu sorri fraco colocando a mão no peito.
‘Shópi!!’
 Logan animado como sempre começou a bater palminhas. Joe me olhou como se questionasse a minha animação também, ou a falta dela.
‘Claro, shopping é sempre bom num domingo tedioso!’ Falei olhando para minha torrada, evitando o olhar de
 Joe.

‘Joe, amarra aqui atrás pra mim, por favor?’ Pedi segurando os cordões da blusa frente única preta que tinha vestido. Ele sorriu fraco e eu me virei de costas, quando ele segurou os cordões prendi meu cabelo num coque frouxo para que não o atrapalhasse.
 
Senti a respiração dele batendo em meu pescoço, enquanto suas mãos lentamente amarravam a blusa e tocavam minha pele me fazendo fechar os olhos.
 
Talvez fosse a falta de prática dele, mas nunca amarrar uma blusa demorou tanto, eu já sentia minhas pernas moles e minha respiração começava a ficar pesada. Quando ele finalmente pareceu terminar sua mão desceu calmamente por minhas costas, enquanto a outra segurou firme em minha cintura. Sua respiração pareceu bater com maior força em meu pescoço, e só então em senti seu nariz passeando calmamente por meu ombro, até seus lábios alcançarem meu pescoço.
Se minhas pernas já estavam moles antes, agora eu mal me agüentava em pé, mas suas duas mãos seguravam firmemente em minha cintura, mantendo meu equilíbrio. A boca dele roçava em meu pescoço e em minha nuca e eu sabia aonde aquilo ia dar, mas eu continuava imóvel, tentando manter minha sanidade e minha estabilidade.Joe começou a beijar calmamente meu pescoço, até bem perto do meu ouvido.
‘MÃE!’ A voz de
 Logan vez com que nós dois pulássemos com a respiração completamente descompassada. Eu vi de relance Joe passar a mão pelo cabelo fazendo uma careta e respirei fundo saindo do quarto.
‘Diga, meu amor!’ Falei com um sorriso fraco entrando no quarto de
 Logan.
‘Eu quero!’ Ele apontou uma miniatura das tartarugas ninjas que estava fora de seu alcance. Peguei o boneco e o entreguei.
‘Agora vai ficar lá no quarto enquanto a mamãe termina de se arrumar!’ O peguei pela mão enquanto ela ia brincando com a tartaruga ninja.
Deixei
 Logan brincando em minha cama, já arrumado e fui para meu banheiro. Prendi novamente meu cabelo em um rabo alto, passei uma maquiagem básica e clara e em menos de dez minutos já estava no sofá com Logan, esperando por Joe.
‘To pronto!’ Ele apareceu com um sorriso um tanto quanto fofo na sala.
 Logan se levantou rápido e foi logo pra porta. Me levantei observando a roupa de Joe; uma camisa pólo listrada, uma bermuda preta larga e um tênis branco. Sorri quase que inconscientemente.
‘Sua gola!’ Eu falei me aproximando e arrumando a gola da camisa que estava levantada. Ele sorriu quando eu terminei.
 
‘Vamos agora?’ Ele olhou de mim pra
 Logan que concordou freneticamente.

Saímos de casa em silêncio e assim seguimos até o shopping.
 Logan parecia que nunca tinha saído de casa, quase saiu correndo pela garagem do shopping, se Joe não tivesse corrido e o segurado eu prefiro nem imaginar alguma tragédia que podia ter acontecido.
‘Logan, que maluquice é essa agora, filho?’ Falei com uma cara zangada e ele fez bico. ‘Não sai correndo assim tá?’ Dei um beijo em sua testa e ele concordou.
 
‘O que a gente veio fazer aqui mesmo?’
 Joe me olhou sorrindo de lado quando já estávamos caminhando pelo shopping.
‘Nem me olha com essa cara. A idéia foi sua, meu bem!’ Dei de ombros e ele riu.
‘Ok, vamos passear então!’ Ele pegou em minha mão enquanto com a outra ele segurava a mão de
 Logan.


‘Binquedo!’
 Logan sorriu apontando pra uma enorme loja cheia de brinquedos. 
‘Você entra e eu fico aqui fora esperando!’
 Joe riu e eu quase mandei dedo.
‘No way,
 Jonas! Arque com as consequências agora!’ Falei empurrando ele pra dentro da loja.
‘Tigre!’
 Logan apontou pra um enorme tigre de pelúcia e correu até a estante esticando o braço.
‘Aqui, príncipe!’ Sorri lhe entregando o tigre que era quase maior do que ele.
‘Será que aqui tem controle pro Xbox? O meu tá meio ruim!’
 Joe falou olhando em volta.
‘Eu acho que essas coisas tem no andar de cima.’ Falei apontando pra uma escada rolante.
‘Ok, vou lá ver!’ Ele sorriu e se afastou. Me agachei pra ficar do tamanho de
 Logan enquanto ele brincava com o tigre.
‘Bigode!’ Ele falou pegando no bigode do tigre de pelúcia e eu sorri. ‘Urso!’
 Logan apontou pra um urso um pouco menor que o tigre e eu me levantei pra pegar.

‘Opa, desculpa!’ Falei quando me bati em alguém e me virei pra me desculpar.
‘Não tem problema!’ Uma morena falou simpática. ‘Demi?’ Ela me olhou em duvida e eu prendi a respiração por alguns segundos.
‘Hey, Anne!’ Tentei parecer um pouco animada, mas foi uma tentativa completamente frustrada já que minha voz saiu fraca e desanimada.
‘Que coincidência te encontrar aqui!’ Ela falou dando beijinhos em minhas bochechas. ‘Tudo bem?’ Ela sorriu e eu forcei um risinho.
‘Tudo bem sim!’ Falei e senti
 Logan puxar o urso que estava em minha mão.
‘Mãe, me dá!’ Ele falou me olhando e eu sorri lhe entregando o urso.
‘Esse é o
 Logan?’ Anne falou sorrindo. Pelo visto ela sabia mais do que eu imaginava sobre o Joe.
‘É sim!’ Passei a mão na cabeça de
 Logan e ele olhou sorrindo pra Anne.
‘Tudo bem,
 Logan?’ Ela se agachou pra falar com ele enquanto eu sentia meu coração acelerar só de pensar que o Logan podia achar ela legal.
‘Demi, achei esse controle aqui...’
 Joe apareceu sorrindo e olhou assustado enquanto Anne se levantava sorrindo. ‘Anne?’ 
‘Hey,
 Joe!’ Ela sorriu abertamente e eu tive que olhar pra algum canto da loja e contar até dez pelo menos. ‘Esbarrei sem querer na Demi!’ Ela falou animada. ‘E ainda conheci o Logan! Ele é lindo!’ Ela bagunçou os cabelos de Logan.
‘Claro, é meu filho!’
 Joe falou pretensioso e ela lhe deu um tapinha no braço.
‘Erm... eu vou lá olhar o brinquedo que o
 Logan queria ver.’ Sorri sem graça e peguei Logan no colo sem nem olhar pra cara de Joe. 
Andei apressada pela loja até estar suficientemente distante dos dois, botei
 Logan no chão e dei um longo suspiro tentando me acalmar. Quando olhei pra baixo vi Logan me olhando sem entender nada, eu sorri fraco e o peguei pela mão.
‘Vamos dar uma passeada na loja, meu amor!’ Ele sorriu concordando e fomos andando devagar enquanto ele observava as prateleiras cheias de brinquedos e bonecos.

Eu estava perdida em pensamentos quando senti
 Logan puxar minha mão e apontar pra um enorme urso que segurava um coração, igual ao que Joe tinha me dado de aniversário. Eu sorri sem acreditar que logo naquela hora eu tinha que encontrar aquele urso. Ele ainda ficava em cima da minha cama e eu perdi a conta de quantas vezes dormi abraçada com ele, o cheiro de Joe já tinha praticamente sumido, mas ainda assim eu conseguia senti-lo. 
Lembrei do dia do meu aniversário e a musica que eu e
 Joe dançamos começou a tocar na minha cabeça e as imagens ficavam cada vez mais claras. Eu não sabia seJoe ainda se sentia da mesma forma por mim, eu queria que ele tentasse novamente, queria ter outra chance. Mas será que se eu tivesse, eu finalmente diria a ele o quanto eu o amo? Ou novamente iria fugir e dar uma desculpa esfarrapada qualquer pra não ouvir dele o que eu sempre quis, aquelas três palavras que eu nunca tinha ouvido sair da boca dele.

Senti uma lágrima descer por meu rosto e só então percebi que ainda estava parada observando o enorme urso no alto da prateleira. Passei rapidamente a mão pelo rosto e reparei que
 Logan não estava mais ao meu lado, quando olhei pra frente meus olhos encontraram com os de Joe que me encarava com o rosto sério e sem reação. Meus olhos arderam por causa das lágrimas que estavam se acumulando e minha única reação foi virar e sair depressa da loja. Joe não correu atrás de mim, e nem chamou meu nome. Eu caminhei depressa até um banco um pouco afastado da loja e sentei respirando fundo para que as lágrimas não caíssem. Algumas pessoas passaram me encarando, mas eu apenas abaixei a cabeça e fiquei respirando calmamente, até a vontade de chorar passar por completo. 

Fiquei algum tempo encarando o chão do shopping, até sentir alguém sentar do meu lado e aquele perfume intoxicante chegar até mim. Nem precisei olhar pro lado pra saber que era
 Joe, e ele também não falou uma palavra. Logan esticou os braços para que eu o pegasse no colo e eu sorri beijando o topo de sua cabeça.
‘Você tá triste?’
 Logan perguntou depois de alguns minutos. Incrível como ele parecia saber exatamente o que estava havendo ali. Eu sorri fraco balançando a cabeça.
‘Não, meu amor, a mamãe não tá triste!’ Ele passou a mão pelo meu rosto e sorriu.
‘Quero ir pra casa!’ Eu ri baixinho por causa do bico que ele fez.
‘Seu pedido é uma ordem, meu príncipe! Vamos pra casa!’ Falei me levantando.
 Joe fez o mesmo, mas continuou calado e apenas seguiu ao meu lado.
O silencio no carro já tinha se tornado assustador e às vezes eu tinha a impressão de conseguir ouvir meu próprio coração. Já estava quase roendo as unhas e não aguentava mais olhar pra fora da janela.

‘Ela sabe sobre a gente?’ Quebrei o silencio e ouvi
 Joe suspirar calmamente. Ele demorou algum tempo pra responder.
‘Sabe.’ Falou baixo sem desviar a atenção do transito.
‘Quanto ela sabe?’ Continuei perguntando sem encará-lo.
‘Quase nada. Só o básico.’ Ele respondia sempre no mesmo tom que eu.
‘Ela sabe do acidente?’ O olhei de relance e vi que ele balançou a cabeça positivamente.
‘Sabe.’ Ele respondeu simplesmente.
‘Ela não sente ciúmes?’ Perguntei instantes depois. Pareceu uma eternidade até
 Joe finalmente responder.
‘Se ela soubesse o que eu sinto por você, ela sentiria.’ Não consegui responder nada, voltei a encarar a rua e dessa vez realmente fiquei com medo que ele escutasse meu coração que parecia que gritava.

O silencio caiu novamente no carro e assim permaneceu até chegarmos em casa. Fui direto pro quarto enquanto
 Joe ficou vendo tv na sala com Logan. Deitei na cama e fiquei encarando o teto sentindo meu coração acelerar toda hora que eu lembrava o que Joe havia dito. Tentei imaginar como nós dois estaríamos se eu não tivesse feito a burrada em meu aniversário, mas a imagem de Anne e Joe juntos sempre invadia minha mente, me fazendo esquecer de outras imagens felizes. Lembrei que teria uma prova na quarta e resolvi deixar minhas ilusões de lado e estudar.
Fiquei horas lendo e resumindo vários textos, até sentir meu estomago implorar por comida, olhei no relógio e vi que já estava no meio da tarde. Levantei me espreguiçando e fui até a cozinha. Quando cheguei na sala vi
 Joe e Logan dormindo no sofá com a tv ligada. Sorri sozinha e desliguei a tv tomando cuidado para não acorda-los. Entrei na cozinha e peguei um pacote de biscoito, algumas barrinhas de chocolate e uma latinha de coca e voltei pro quarto em silêncio. 


‘Mãe!’
 Logan entrou no quarto algum tempo depois.
‘Yay, você acordou, minha criança!’ Falei sorrindo e o coloquei em meu colo.
‘Quero comer.’ Ele fez bico e eu ri.
‘Vamos lá na cozinha pra eu preparar alguma coisa pra você!’ Falei me levantando e senti minhas pernas fraquejarem por ter ficado tanto tempo sentada.
 
Passei pelo quarto de
 Joe e a porta estava encostada.
‘Hm, vamos ver o que tem por aqui.’ Abri o armário enquanto
 Logan me olhava. ‘Sopa!’ Mostrei um pacotinho de sopa de letrinhas e ele fez cara feia. ‘Pipoca?’ Falei em duvida e ele negou balançando a cabeça.
‘Pizza!’ Ele sorriu e eu o olhei.
‘Não tem pizza aqui, meu amor. Só se a gente pedir.’ Ele concordo freneticamente e eu ri. ‘Ai, que trabalho que você me dá,
 Logan!’ Falei rindo e fui até o telefone. Pedi metade calabresa e metade mussarela já que sabia que Joe também ia querer.

Desliguei o telefone e sentei no sofá pra ver tv, enquanto
 Logan brincava no chão com alguns carrinhos. Minutos depois Joe apareceu na sala apenas de boxer e com os cabelos molhados, se jogou, literalmente, no sofá e deitou a cabeça em meu colo.
‘Demi, to com fome.’ Ele falou se virando pra tv e eu ri baixinho.
‘Pedi pizza.’ Falei observando a tv.
 
‘Calabresa?’ Ele me olhou sorrindo.
‘Metade de cada.’ Sorri ainda observando a tv, ele concordou balançando a cabeça e se virou novamente.
 Joe pegou minha mão e colocou em seu cabelo molhado. Eu ri e comecei a fazer carinho em sua cabeça. 


Observei os clarões formarem desenhos assustadores na parede enquanto a chuva batia fortemente na janela. Me encolhi embaixo do cobertor grosso, mas ainda assim estava morrendo de frio. Fiquei algum tempo enrolando na cama sem conseguir dormir, até me levantar e pegar um enorme moletom de
 Joe e vesti-lo por cima da blusa de manga comprida que eu usava. 
Fui até o corredor e observei a porta entreaberta do quarto de hospedes que estava com uma luz fraca acesa. Minha vontade era olhar o que
 Joe estava fazendo, mas resolvi ir até o quarto de Logan. O observei respirar calmamente sem se importar com o barulho da chuva ou os clarões provocados pelos trovões. Olhei o relógio e vi que já eram meia noite e meia. 
Voltei pro corredor escuro e me encostei no batente da porta de
 Joe, onde pude ver que ele estava sentado na cama com um caderno no colo, vez ou outra ele fazia alguma anotação e parecia falar algumas coisas baixinho. 
Ele deu um longo suspiro e fechou o caderno colocando-o no criado mudo.
‘Cara, não me mata de susto!’ Ele falou colocando a mão no peito e me olhando.
‘Desculpa, não queria atrapalhar.’ Sorri fraco.
‘Não consegue dormir?’
 
‘Nop. Odeio esses trovões que ficam fazendo desenhos medonhos na parede.’ Falei dando de ombros e ele riu.
‘Vem cá.’ Ele chegou pro lado e deixou um espaço vazio na cama de solteiro. Sentei ao seu lado e abracei minhas pernas. ‘Você adora usar meus casacos né?’ Ele riu observando o enorme casaco preto que eu estava vestida.
‘Eles são grandes e quentinhos.’ Falei com voz de criança. ‘Não tá com frio?’ Perguntei percebendo que ele continuava apenas de boxer.
‘Não muito.’ Ele deu de ombros. O barulho de um trovão vez com que eu me encolhesse ainda mais e encostasse minha testa em meus joelhos. ‘Deita aqui.’
 Joe falou levantando o cobertor e eu fiz o que ele pediu. Ele deitou ao meu lado e soltou o cobertor em cima de nós dois. 
‘Não vou conseguir dormir.’ Falei me virando de costas pra ele.
‘Claro que vai!’ Ele se esticou e apagou o abajur que ainda iluminava uma parte do quarto.
 
Senti
 Joe passar um braço por minha cintura e me apertar contra o corpo dele. Ele afastou meu cabelo do meu pescoço e encostou levemente o queixo em meu ombro. Os lábios dele encostaram delicadamente em meu pescoço, trilharam lentamente um caminho até meu ouvido e ele começou a cantar baixinho. ( The Sounds – The Morning Light)

"
Don't you dare tell me I am the reason we are here,
(
 Não se atreva a me dizer que eu sou a razão de estarmos aqui, )
I've spent enough sleepless nights in this bed,
(
 Eu já passei noites suficientes sem dormir nessa cama, )
To know this isn't just all in my head.
( Para saber que isso não está apenas na minha cabeça. )
And don't you say that i'm ruining what we've made,
(
 E não diga que eu estou arruinando o que criámos, )
We know enough to know we're both to blame
(
 Nós sabemos o suficiente para saber que ambos temos culpa )
It's like your leaving, but you don't know the way
(
 É como você partindo, mas não sabe o caminho )
So I say...
(
 Então eu digo... )" 
I can't believe myself,
(
 Eu não acredito em mim, )
I'm wishing to be anyone else.
(
 Estou desejando ser qualquer outra pessoa )
And I'm feeling like all this hell,
(
 E eu sinto que todo este inferno, )
Might shape something good in the end
(
 Pode formar algo bom no final )


Lentamente meus pensamentos começaram a sumir e eu sentia que o sono ia me vencendo.
 
And I well I just can't find a reason why,
(
 E eu só não consigo encontrar uma razão, )
Why you intentionally say, "goodbye."
(
 Para você dizer intencionalmente, "adeus." )
If this mess were up to me we'd see eye to eye.
( Se essa confusão estivesse ao meu alcance nós iríamos ver olho por olho. )
But you get bored and run from the honest life,
(
 Mas você fica entediada e foge da verdadeira vida, )
Sometimes I swear you're making me loose my mind!
( Algumas vezes eu juro que você me faz perder a cabeça! )
So I'll keep singing...
(
 Então continuarei cantando... )
It was the look on your face when I called out your name,
(
 Foi a expressão na sua cara quando chamei seu nome, )
It was the days waiting for you alone in the rain.
(
 Foram os dias esperando por você, sozinho, na chuva. )
Take me back to the time when I wished you could stay,
(
 Me leve de volta para os tempos onde eu desejava que você ficasse, )
Now were here at your front steps where I watch you fade away.
( Agora nós estamos aqui nos degraus de sua casa onde eu assisti você desaparecendo. )
...Oh my god this town it feels like a headache,
(
 Oh meu Deus essa cidade é uma dor de cabeça )
...I thought you were a safe bet.

( Eu pensava que você era uma aposta segura. )







Capitulo 28 

‘Já falei que eu odeio filosofia?’
 Miley falou irritada se sentando no mesmo banco em que eu estava. Ela tinha acabado de sair da prova e eu como terminei antes fiquei a esperando no pátio da faculdade.
‘Foi tão mal assim?’ A olhei com a sobrancelha arqueada.
 Miley nunca se dá mal das provas apesar dos escândalos que ela dá.
‘Nem tanto.’ Ela deu de ombros e eu ri. ‘Tá afim de ir lá pra casa do
 Nick?’ Miley sorriu.
‘Depende, o que vai ter lá?’ Me levantei e caminhamos pra fora da faculdade. O sol já começava a sumir no horizonte, já que a prova tinha sido num horário diferente das aulas.
‘Nada demais até onde eu sei, ele só disse que ia chamar os meninos e que provavelmente iriam ensaiar. Vamos?’ Ela botou a mão em meu ombro sorrindo com a cara de criança que ela sempre faz quando quer alguma coisa.
‘Ok, ok!’ Falei bufando e ela deu um gritinho.
 

‘Hm, tem certeza que não vai ter nada por aqui?’ Perguntei baixo para que só
 Miley ouvisse. Na casa de Nick tinham quase dez pessoas; Brian e uma garota que eu não conhecia, Kevin e Ash, Charlie e uma garota e James estava sozinho conversando com um outro garoto que eu não conhecia.
‘Ele me falou que seria só um ensaio.’ Ela deu de ombros e foi ao encontro de
 Nick. ‘Hey amor, não sabia que estava rolando uma festa aqui.’ Ela falou de uma forma engraçada e Nick riu me dando um beijo na testa.
‘Nah, só chamei os caras pra uma reuniãozinha.’ Ele deu de ombros.
Eu e
 Miley sorrimos para todos que estavam na sala e sentamos no sofá onde James estava com o carinha ainda desconhecido. Olhei pra James um pouco sem graça e sorri.
‘Hey!’ Dei um beijo na bochecha dele.
‘Não sabia que você vinha!’ Ele sorriu largamente.
 Nota mental: resistir ao sorriso do James. ‘Então, esse é um amigo nosso, Pete.’ Ele apontou para o desconhecido ao seu lado e só então eu reparei que ele parecia o Julian Casablancas do Strokes.
‘Tudo bem?’ Ele se esticou e me deu dois beijinhos. Eu sorri balançando a cabeça. Quando olhei pro lado vi que
 Miley não estava mais ali. Passei meus olhos pela sala e vi que ela estava conversando com Nick um pouco mais afastados do sofá.
‘Achei que não fosse mais te ver depois daquele dia da festa.’ James falou atraindo novamente minha atenção.
‘Ah!’ Sorri morrendo de vergonha por ter que lembrar que quase fiquei com James. ‘Desculpa por aquilo, erm...’ Me enrolei um pouco.
‘Nah, não precisa se preocupar.’ Ele me interrompeu e sorriu. Eu agradeci mentalmente, não estava preparada pra inventar alguma desculpa convincente. ‘Então, o que tem feito?’ Ele perguntou mudando de assunto.
‘Ah, nada demais. A velha correria da faculdade e do estágio.’ Dei de ombros ele concordou. ‘E você, escrevendo muitas músicas?’
 
‘Ah, não muitas. Mas é meu hobby favorito!’ Ele sorriu ainda mais, e eu achava que era impossível. ‘Quer beber alguma coisa?’ Ele falou apontando pra mesa que tinha vinho e wisky.
‘Hm, vinho!’ Sorri e ele concordou se levantando e caminhando até a mesa.

‘Ele tá caidão por você!’ Ouvi alguém falar e me virei encontrando Pete sorrindo.
‘Quê?’ Perguntei em duvida e ele riu.
‘O James, ele só dá esses sorrisos idiotas quando tá gostando de alguém.’ Ele apontou pra James que botava vinho em dois copos e continuava sorrindo.
‘Nah, a gente mal se conhece. Na verdade essa é a segunda vez que a gente se encontra.’ Dei de ombros sorrindo um pouco sem graça.
‘Uau, então o cupido foi rápido dessa vez.’ Ele piscou e se levantou indo conversar com
 Kevin e Brian. Fiquei algum tempo o olhando e pensando que ele só podia ser maluco.

‘Aqui,
 Demi.’ A voz de James me despertou e eu peguei o copo que ele me estendia e sorri agradecida.
‘Então, você conhece os meninos a muito tempo?’ Quebrei o silêncio ele me olhou.
‘Um pouco! Conheci primeiro o
 Kevin e depois os outros caras.’ Balancei a cabeça concordando. ‘E você, conhece eles a muito tempo?’
‘Hm, uns três anos.’ Respondi rezando pra que ele não perguntasse como eu os conheci. ‘Estranho a gente nunca ter se batido.’ Comentei e ele concordou.
‘Tava pensando nisso.’ Ele sorriu me olhando. Fiquei algum tempo viajando no sorriso dele, até uma voz conhecida chegar até meus ouvidos. ‘Finalmente, dude!’
 Nick gritou rindo. Observei ele se afastar de Miley que olhava pra porta um pouco assustada, segui seu olhar e senti um soco no estomago ao ver Joe de mãos dadas com Anne.
‘Outch.’ Falei sentindo uma pontada no peito e me virei de costas pra porta. Senti alguém sentar ao meu lado e me virei encarando
 Miley que me olhava como se não acreditasse. Balancei a cabeça ainda um pouco desorientada e me concentrei num ponto fixo no chão tentando respirar calmamente.
‘Tá tudo bem?’ James perguntou reparando minha tensão.
‘Tá sim.’ Sorri fraco.
‘Hey,
 Joe!’ Miley falou com ironia e eu senti vontade de chutar a perna dela. Me virei a tempo de ver Joe sorrindo sem graça, mas pelo menos ele não estava mais de mãos dadas com Anne. Nos encaramos por alguns segundos em silêncio.
‘Erm... a Anne vocês já conhecem, né?’ Ele apontou para a garota ao seu lado que sorria.
‘Já sim! Tudo bem, Anne?’
 Miley falou, dessa vez mais simpática.
‘Tudo bem sim!’ Ela sorriu olhando pra mim e pra
 Mi.
‘Fala,
 Jonas!’ James se levantou e abraçou Joe.
‘James! Virou presença constante agora!’ Ele respondeu rindo e James balançou a cabeça confirmando.
‘Joe
 Jonas!’ Brian gritou da varanda da sala e Joe foi até lá rindo.
‘Senta aí, Anne.’
 Miley apontou para uma cadeira que tinha perto do sofá em que estávamos e ela sentou. ‘Então, a festa do seu irmão foi ótima!’ Ela falou animada, mas se eu bem conheço Miley, ela apenas disse isso pra não deixar o silêncio cair entre a gente.
‘Ah, que bom que você gostou. Mas eu nem vi você e a
 Demi depois do show.’ Ela me olhou sorrindo.
‘Eu não me senti muito bem!’ Falei interrompendo
 Miley que já tinha aberto a boca pra responder. ‘Tava com uma dor de cabeça e tal.’ Fiz uma careta.
‘Ah, que pena! O final da festa foi tão bom, ficamos ali na varanda conversando. A maioria de nós bêbados, claro.’ Nós rimos. ‘Mas foi realmente legal!’ Ela falou como se estivesse lembrando e eu sorri fraco.
Olhei pro lado e percebi que James não estava mais ali. Quando voltei meu olhar pra varando vi ele e
 Joe conversando animadamente. Fiquei algum tempo os observando, até Miley tossir ao meu lado chamando minha atenção. 
‘Hey, Ash, vem pra cá!’
 Miley chamou Ash e a garota que estava acompanhando Brian. Elas se aproximaram sorrindo.
‘Hey, meninas!’ Ela sorriu para nós três. ‘Essa daqui é a Becky.’ A menina ao lado dela sorriu acenando.
‘Prazer, Becky!’ Sorri e cheguei pro lado para que ela se sentasse, enquanto Ash sentou na mesinha de centro.

Engatamos uma conversa animada sobre a banda dos meninos, depois falamos sobre Justin Timberlake, sobre Londres, e íamos emendando um assunto no outro e não calávamos a boca nunca. Enquanto conversávamos bebíamos também, então o nível de álcool em nosso sangue já estava começando a ficar elevado, assim como nossas vozes.
‘Ai, preciso ir ao banheiro.’ Falei rindo e me levantando sem jeito. Saí da sala e entrei num corredor que tinha alguns quartos e um banheiro para visitas. Antes de entrar no banheiro ouvi duas vozes saindo de um dos quartos.
‘Por que você não me falou que ela vinha, dude?’ A voz de
 Joe estava um pouco histérica.
‘Eu não sabia,
 Joe! Ela e a Miley apareceram aqui, mas era um pouco obvio que a Mi ia chamar ela, né?’ Nick respondeu um pouco alterado também.
‘E o que eu faço agora? Eu mal posso chegar perto das duas!’ Senti meus joelhos vacilarem.
‘Sei lá, cara, se vira. As mulheres são suas, você que se meteu nessa!’ Ouvi passos se aproximando da porta e corri pro banheiro fechando a porta rapidamente.

Não demorei muito tempo lá dentro, saí do banheiro trocando um pouco as pernas e ri comigo mesma. Ok, eu precisava parar de beber. Caminhei lentamente de volta pra sala, mas no final do corredor uma cena me chamou atenção. Anne estava na frente de
 Joe, ele com os braços envolvendo a cintura dela, enquanto ela tinha as mãos apoiadas no peito dele, brincando a corrente no pescoço de Joe. Ele falou alguma coisa que a fez rir e lhe deu um selinho demorado. 
Fechei os olhos dando um passo pra trás para que ninguém me visse e respirei fundo, ia continuar e seguir pra sala, mas quando dei novamente um passo pra frente, vi que os dois estavam se beijando e não era apenas um selinho.
‘Merda, merda, merda, merda!’ Entrei na primeira porta do corredor e reparei que era um quarto, provavelmente de
 Nick. Sentei na cama apoiando minha cabeça e minhas mãos e me senti um pouco tonta.
‘Demi?’ A voz de James me fez olhar pra porta e ele entrou no quarto preocupado. ‘Tá tudo bem?’ Ele se agachou na minha frente e passou a mão por meus cabelos.
‘Tá sim, James. Só to um pouco tonta. Brigada por se preocupar.’ Sorri fraco e ele concordou balançando a cabeça.
‘Quer que eu fique aqui com você?’ Ele sentou ao lado na cama.
‘Na verdade, quero sim. Fala qualquer assunto comigo, James. Me distrai.’ Falei deitando minha cabeça em seu ombro e ele passou um braço pela minha cintura.
‘Ok, hm...’ Ele pensou por alguns segundos e eu fechei meus olhos. ‘Me conta sobre a sua faculdade, você gosta?’ Eu sorri fraco por causa da tentativa frustrada dele em me distrair, ele definitivamente não era bom em inventar assuntos.
‘Hm, gosto! Algumas matérias são um pouco chatas, tipo filosofia, mas faz parte.’ Dei de ombros. ‘Fora que eu gosto dos meus colegas, e tem a
 Miley lá.’ Completei e ele falou alguma coisa baixinho. ‘Que foi?’ Virei meu rosto pra ele, mas me arrependi no mesmo instante ao perceber que estávamos próximos demais. 
James não falou nada, apenas sorriu e apertou mais o braço em volta de minha cintura, como se quisesse impedir que eu saísse correndo novamente. Ele sorriu largamente enquanto aproximava nossos rostos e eu não me senti capaz de impedi-lo. Uma voz em minha cabeça gritava para que eu me afastasse, mas a cena do beijo entre
 Joe e Anne ainda estava muito clara em minha mente. “Se ele pode, eu também posso” pensei e instantaneamente fechei os olhos sentindo a boca de James encostar na minha. 

‘Dude, aquela musica que...’ Uma voz fez com que eu e James pulássemos.
Olhei pra porta com o coração acelerado e vi
 Nick e Joe nos olhando. Os olhos de Joe passaram por James, depois pra mim e depois pra mão de James em minha cintura. Eu o olhei sentindo que meu coração sairia pela boca a qualquer momento, ele também me encarou em silêncio. Tentei ler nos olhos dele, mas não consegui ver nada lá, era um olhar vazio e machucava quase tanto quanto o olhar magoado da noite do meu aniversário. 
‘Erm... Desculpa, a gente só ia...’
 Nick falava desconcertado. 
‘Não,
 Nick. Sem problemas.’ Me levantei e James fez o mesmo. Respirei fundo tentando me acalmar e saí do quarto passando direto por Joe e sentindo seu olhar me acompanhando.

Voltei pra sala ainda tentando fazer meu coração bater normalmente e parei na mesa pegando a garrafa de whisky e botando no copo sem gelo nem nada.
Senti a bebida passar por minha garganta queimando e fechei os olhos.
‘O que aconteceu?’ Abri os olhos assustada e
 Miley estava do meu lado.
‘Merda, como sempre! Ultimamente é só isso que tem acontecido na minha vida.’ Dei de ombros e botei mais whisky no copo.
‘E você acha que se beber tudo isso vai parar de acontecer?’ Ela me olhou séria e eu dei de ombros.
‘Ah, me deixa,
 Miley.’ Esvaziei novamente o copo sentindo o ardor em minha garganta. Ela resmungou alguma coisa e voltou para o sofá. Botei o copo na mesa e respirei fundo olhando pra James, que parecia completamente alheio a conversa que rolava na varanda, mas não olhava pra mim.
Enchi um copo com vinho e fui me sentar novamente no sofá, nem prestei atenção ao que as meninas conversavam, apenas fiquei tomando o vinho esperando
 Joe ou Nick aparecerem na sala. 
Quando
 Nick apareceu, Miley levantou num pulo e o puxou para a cozinha. Aposto que ela ia perguntar se ele sabia o que tinha acontecido comigo. Olhei novamente pro corredor, mas Joe não apareceu.
‘Hey,
 Demi. Como anda o Logan?’ Anne sentou ao meu lado atraindo minha atenção.
‘Ah, tá bem.’ Sorri fraco sem conseguir ser fria com ela. Por mais que eu tentasse a odiar, ela sempre era simpática comigo, e eu não podia culpá-la por meus problemas com o
 Joe, na verdade a culpa de tudo que estava acontecendo era minha, eu que arcasse com as conseqüências. 
‘Ele é um amor, né?’ Ela sorriu. ‘Ele parece muito com o
 Joe!’ Ela comentou com uma cara pensativa.
‘Muito! Quando ele era mais novinho ele costuma ser a exata mistura entre mim e
 Joe, mas agora ele tá perdendo meus traços e ficando idêntico ao Joe.’ Ela riu. 
Começamos a conversar sobre filhos e ela contou que o sonho dela é ter uma filha, mas que estava cedo demais e ela queria primeiro ser bem sucedida no emprego, pra depois pensar nisso. Ela falou que queria estudar na França e que estava tentando conseguir alguma bolsa nas faculdades de lá, mas que suas chances agora já eram quase zero já que o período de recebimento das bolsas estava praticamente acabando. Sem que eu percebesse já estava desejando loucamente que ela ganhasse logo várias bolsas e fosse embora de uma vez.

‘Desculpa interromper, posso roubar a
 Demi uns minutos, Anne?’ Miley sorriu e Anne concordou balançando a cabeça. Ela me puxou até a cozinha e antes de falar, ficou alguns segundos me olhando.
‘Você ficou com o James.’ Não era uma pergunta.
‘Não, não fiquei. Mas teria ficado se seu namorado não tivesse interrompido.’ Fui sincera e ela balançou a cabeça.
‘O meu namorado e o
 Joe você quer dizer.’ Ela cruzou os braços e eu falei um “que seja” baixo. ‘Demi, isso não é justo com o Joe, não é justo com você mesma, e principalmente, não é justo com o James! Você tá iludindo o cara, você sabe que no máximo vai ficar com ele algumas vezes e na mesma hora que o Joe estalar os dedos você cai nos braços dele.’ Miley abaixou o tom de voz para que ninguém nos ouvisse.
‘Não é justo com o
 Joe? Miley, que tipo de amiga é você?’ Perguntei indignada.
‘Eu sou do tipo de amiga que tentar abrir os olhos da outra pra que ela perceba a besteira que tá fazendo,
 Demetria.’ Odeio quando ela me chama pelo nome. ‘Eu não quero jogar isso na sua cara, mas você sabe que a culpa disso tudo é sua.’ Ela tinha um tom de receio na voz.
‘Eu sei que a culpa é minha, e eu já tenho essa realidade esfregada na minha cara o tempo todo, não preciso que minha melhor amiga faça isso pra mim.’ Fiquei séria e ela suspirou.
‘Desculpa,
 Demi. E só quero que você perceba a besteira que tá fazendo. Eu não to defendendo o Joe e nunca ficaria contra você. Na verdade vocês dois tem um pouco de culpa por tudo isso que tá acontecendo, e você não faz idéia de como eu me sinto vendo tudo isso acontecer de novo.’ Ela me abraçou e eu não resisti e comecei a chorar.
‘Eu não consigo ver ele com a Anne, não consigo perceber que ele realmente gosta dela. Eu tento odiar ela, mas ela é sempre simpática comigo e isso me dá uma raiva enorme.’ Eu já estava soluçando alto e comecei a escorregar pela parede até cair no chão sentada.
‘Demi, levanta daí.’
 Mi tentou me puxar, mas eu neguei.
‘Não,
 Mi, me deixa aqui. Minha vida tá voltando a ser exatamente como era a dois anos atrás e eu não consigo evitar tudo isso. Eu sou uma fraca, uma perdedora.’ Minha voz era completamente abafada por meu choro e meu rosto já estava encharcado.
‘Demi, pelo amor de Deus, levanta daí.’ Ela tentava me puxar, mas eu me recusava a me mexer. ‘Espera aqui, não se mexe!’ Ela ordenou e saiu da cozinha.
 
Olhei a cozinha com minha vista embaçada por causa das lágrimas e vi que na bancada tinha uma garrafa de vodka. Nem pensei duas vezes, engatinhei até lá e comecei a beber sentindo minha garganta pegar fogo em cada gole que eu dava.
 

‘Demi?’ A voz de
 Miley apareceu na cozinha minutos depois. Ela me olhou e viu que eu estava com a garrafa de vodka na minha mão. ‘Ai meu Deus, Demetria me dá isso.’ Ela correu até mim e só então eu vi que Nick estava atrás dela.
‘Não, me devolve isso, sua chata!’ Falei tentando agarrar a garrafa, mas
 Nick segurou meus braços. ‘Cara, como vocês são chatos, me deixem beber pra esquecer essa merda de vida.’ Falei com a voz embolada. A mistura de vinho, whisky e vodka corria no meu sangue me deixando entorpecida.
‘Demi, pára de botar o peso pra baixo.’
 Nick riu tentando me carregar.
‘Me deixa,
 Nick. Vai ficar com seu amiguinho e a namoradinha nova dele, vai.’ Falei sentindo as lágrimas descerem por meu rosto. Nick fez uma careta e finalmente conseguiu me carregar. 
‘Amor, abre a porta desse quartinho aqui de trás.’ Ele falou pra
 Miley, apontando para uma porta que estava fechada. Encostei minha cabeça no ombro de dele e voltei a chorar. 
Senti ele me colocar deitada em uma cama e sentar ao meu lado. Eu continuava chorando sem falar nada, minha cabeça girava e minha garganta ardia enquanto eu segurava o braço de
 Nick com força.
‘É melhor ela ficar por aqui, ela não pode voltar pra casa.’
 Miley falou baixo agachada ao meu lado.
‘Não, o
 Logan. Meu filho precisa de mim.’ Falei esticando minha mão para alcançar Miley, mas acabei batendo no rosto dela, que soltou uma exclamação de dor. ‘Eu quero meu filho, Miley.’ Gemi alto.
‘Calma,
 Demi. Ele tá lá com a Kat, a gente liga pra ela e pede pra ela ficar lá com ele.’ Ela falava calmamente passando a mão em minha cabeça. 

‘Nick?’ A voz de
 Joe surgiu do outro lado da porta e eu me encolhi.
‘Não,
 Nick. Não deixa ele entrar, tira ele daqui, tira ele!’ Falei cobrindo meu rosto como travesseiro. 
‘Se você soltar meu braço, eu posso tentar o impedir de entrar aqui!’ Ele falou puxando delicadamente minha mão que estava firmemente agarrando seu braço.
‘O que aconteceu?’ A voz de
 Joe agora estava mais próxima e só então eu percebi que já era tarde demais, ele já tinha entrado no quarto.
‘Cara, vamos lá pra fora.’
 Nick falou enquanto eu continuava chorando com o rosto enterrado no travesseiro.
‘Não,
 Nick, me solta. O que aconteceu?’ A voz de Joe foi se distanciando, até eu ouvir a porta do quarto ser fechada.
‘Eu não quero que ele me veja assim.’ Tirei o travesseiro do rosto e meu choro ganhou o quarto.
‘Calma,
 Demi. Ele não vai...’ Antes que ela conseguisse terminar a porta abriu e Joe apareceu dentro do quarto.
‘Joe, sai daqui!’ Falei alto escondendo meu rosto com o travesseiro novamente.
‘Mi, você pode deixar a gente a sós?’ Ele me ignorou.
‘Não,
 Miley! Você não vai sair, quem tem que sair é ele!’ Falei segurando o braço de Mi.
‘Miley, por favor.’
 Joe pediu com a voz calma e eu olhei pra ela implorando.
‘Por favor, amiga.’ Pedi baixinho mal conseguindo focar minha visão nela, já que as lágrimas impediam.
‘Deculpa,
 Demi.’ Ela me olhou e soltou o braço que eu segurava.
‘QUE DROGA!’ Gritei escondendo novamente meu rosto enquanto
 Miley saía do quarto. ‘Joe, sai daqui!’ Falei sem ter certeza se ele tinha realmente ouvido já que minha voz saiu completamente abafada.
‘Demetria...’ Ele falou sério, mas eu o interrompi jogando o travesseiro em cima dele, ou pelo menos eu tentei.
‘SAI DAQUI!’ Gritei novamente e minha garganta doía horrores.
‘Eu não vou sair daqui.’ Ele falou firme e se aproximou da cama.
‘Não chega perto de mim,
 Joseph. Vai embora!’ Me encolhi e senti a borda da cama afundar quando ele sentou.
‘Vem cá.’ Ele puxou meu braço e eu tentei puxar de volta, mas ele estava usando toda a força possível.
‘Me deixa,
 Joe.’ Pedi já sem força e mais uma vez ele me ignorou. Com uma mão ele me puxou pelo pulso e a outra ele me puxou pela cintura. ‘Não, sai.’ Falei entre soluços o empurrando pelo peito com a mão livre. Meu choro ficou mais alto enquanto ele tentava em silêncio me abraçar, até que eu finalmente cedi, completamente sem força e o abracei enterrando minha cabeça em seu peito e chorando livremente.

Ele me abraçou com força e começou a acariciar meu cabelo, enquanto eu encharcava sua camisa.
‘Porque tudo isso tá acontecendo com a gente?’ Perguntei com a voz embolada. ‘Não era pra isso tá se repetindo, eu lutei tanto contra isso. A gente tá se machucando tanto, pra quê afinal? Eu já vi essa história toda antes, e eu não quero passar por tudo aquilo de novo, eu não aguento.’ Parei de falar tomando fôlego já que tinha dito tudo de vez.
 Joe não falou nada, só continuou me abraçando e acariciando meus cabelos.
Ele começou a cantar baixinho uma musica lenta que eu não conseguia entender por causa do meu choro e se ajeitou na cama me fazendo ficar no colo dele, sem parar de me abraçar.
 
Aos poucos eu fui parando de chorar e a sonolência tomou conta de mim. Meu corpo ia ficando mole, enquanto
 Joe continuava a cantar baixinho em meu ouvido.

‘Demi?’
 Joe me chamou depois de um tempo e eu apenas soltei algum som pela boca. ‘Você quer dormir?’ Ele perguntou e eu novamente apenas emiti algum som que nem eu mesma conseguia decifrar. Meus olhos já estava fechados a muito tempo e por mais que eu tentasse abri-los eu não conseguia, parecia que eles pesavam uma tonelada.
Senti
 Joe me deitar na cama e sentar ao meu lado. Tentei abrir os olhos novamente, e mais uma vez foi uma tentativa frustrada. Ele pegou em minha mão e eu senti sua respiração bater em meu rosto. Eu continuei sem me mexer, me sentindo fraca demais pra isso. Senti a boca de Joe encostar delicadamente na minha e depois ele ir beijando minha bochecha até chegar em meu ouvido.
‘Eu sinto muito.’ Ele sussurrou. Eu tentei falar alguma coisa, mas minha boca estava seca e nenhum som saiu dela.
Joe beijou minha testa e se levantou saindo do quarto. A ultima coisa que eu ouvi foi a porta batendo e ele fungando do outro lado.






Um comentário:

Comentem gostaria de saber a opinião de vocês :3