Hey galera...Tudo bem? Espero que sim.Bem to passando aqui pra explicar meu sumiço...Bem to um pouco sem idéias mais também ta muito complicado to no terceiro ano do ensino médio ai complica to tendo que estudar muito por ser ultimo ano e umas provas chatas por ta no final do primeiro bimestre. Por isso me desculpo com vocês e juro que assim que der uma afogada aqui posto uma nova fic.Beijos queridas!
quarta-feira, 27 de março de 2013
sexta-feira, 22 de março de 2013
CAPÍTULO XI
CAPÍTULO XI
— Vi você e Joe na praia ontem à noite — disse Ashley
durante o café da manhã.
Demi ficou corada e decidiu não tirar os olhos dos
croissants. Onde Joe teria passado o resto da noite, já que não voltara mais
para o quarto?
— Vocês estavam na praia, não estavam? — Ashley pressionou
Joe.
— Demi sentiu vontade de nadar. — Isso foi tudo o que Joe
disse, mas Demi ficou corada só de pensar que Ashley havia visto os dois na
intimidade ou o que acontecera logo depois.
Pouco depois Ashley recebeu um telefonema de Paris e voltou
para o jardim muito mais animado.
— Era um amigo — disse ela, deitando-se na espreguiçadeira.
— Jean Paul quer que eu volte para casa. O que você acha chéri? — perguntou
ela, provocando Joe. — Devo ir?
— Essa decisão cabe unicamente a você — respondeu Marian,
com firmeza. — Jean Paul tem tido muita paciência com você, Ashley, mas tome
cuidado, ninguém consegue esperar eternamente. E, pelo que sua mãe me contou,
ele é um homem de negócios muito bem-sucedido. Não jogue fora a sorte!
Com certeza, essas palavras tinham tocado no ponto certo,
porque depois de alguns minutos Ashley pediu licença e correu para dentro,
voltando mais tarde apenas para explicar que reservara uma passagem no próximo
avião que partiria de Nice para Paris.
— Você me leva ao aeroporto, Joe?
Demi desculpou-se e saiu, não querendo presenciar a garota
francesa tentando seduzir abertamente seu marido.
A agradável brisa da noite anterior desapareceu,
transformando-se num vento forte, e a temperatura caiu vários graus. Dizer que
estava com dor de cabeça não era mentira; até Nicky parecia um pouco abatido.
Foi Héloise quem explicou o que tinha ocorrido, quando lhe
trouxe um comprimido.
— Isso acontece por causa do Mistral. Ele sempre mexe com as
pessoas — disse ela, sem se preocupar.
O remédio deixou Demi sonolenta. Ela não sabia se Joe havia
levado ou não Ashley até o aeroporto. Será que a moça sabia alguma coisa do
passado deles?, Perguntou-se, com ressentimento. Já tinha lutado uma vez pelo
amor de Joe e não conseguira nada; por que então pensava que agora seria
diferente?
Seus pensamentos estavam muito confusos. Fechou os olhos e
logo em seguida adormeceu.
Acordou depois de algum tempo, sobressaltada, estranhando o
silêncio que envolvia o lugar. Algo lhe dizia que o perigo era iminente. Onde
estava Nicky? Já tinha passado muito tempo da hora de ele descansar e com
certeza Héloise a teria acordado se fosse colocá-l o na cama. Tremendo de medo,
Demi entrou correndo no quarto do filho. Um dos sapatos do menino estava jogado
no chão e o adorado patinho dele descansava sobre a cama.
Convencendo-se de que precisava reagir, Demi foi até a
cozinha. Não havia nem sinal de Héloise e, mordendo os lábios, lembrou que
Marian tinha dito que ela e François tiravam sempre a mesma tarde de folga.
— Assim François leva Héloise até a casa da família dela e
depois a traz de volta — tinha explicado a Demi.
— François tem alguns parentes que cuidam de um bar e sempre
vai visitá-Ios.
A cozinha vazia fez seu pânico aumentar. Onde estavam todos?
E Nicky?
Ela foi até o quarto de Marian, esperando que ela estivesse
descansando, mas a cama estava arrumada.
— Nicky! — chamou, quase sem voz.
O medo dominou-a ainda mais quando ela saiu da casa em
direção à piscina, temendo a cada minuto descobrir o corpo inerte de seu filho
boiando na água azul.
A piscina também estava vazia.
Sentia-se febril e confusa. Revistou a vila e os jardins de
ponta a ponta, chamando por Nicky até que ficou sem voz. Todos deviam ter saído
pensando que Nicky estivesse com a mãe, com quem ele deveria estar realmente se
ela não fosse tão egoísta a ponto de se preocupar tanto com os próprios
problemas.
As lágrimas queimavam-lhe os olhos, mas Demi tentava
contê-Ias. .
De repente, deparou com o portão que levava à praia.
Aquela escada tão estreita e perigosa era, com certeza,
atraente para uma criança levada de dois anos, pensou com desespero.
Desceu os degraus, ignorando os arranhões em sua pele
delicada, procurando pelo filho freneticamente nas fendas das rochas onde as
terríveis águas do mar batiam com violência. Onde poderia estar? Sozinho e
amedrontado, provavelmente chamando por ela, se ainda estivesse vivo.
— Pelo amor de Deus, não! — As palavras saíram com desespero
dos lábios pálidos. Seus olhos se arregalaram de medo e terror e sua respiração
tomou-se cada vez mais ofegante quando olhou para o mar.
Não havia sinal do garotinho.
Voltou para a vila e ficou observando o telefone mudo.
Onde estava Joe quando ela mais precisava dele? Se pelo
menos alguém aparecesse! Ela não sabia falar quase nada em francês e, mesmo que
conseguisse entrar em contato com a polícia, como poderia fazer se entender?
Onde Nicky poderia ter ido? Ele era tão pequeno, incapaz de andar por mais de
dez minutos sem se queixar que as pernas estavam doendo e pedir colo. Ele era
tão amado, tão maravilhoso! A motivação mais importante de sua vida, e, só de
pensar em perdê-Io, sentia unia dor imensa.
Ela ouviu um carro parando e saiu correndo. Deu um suspiro
de alívio quando viu que era Joe. Ele estava manobrando e não a tinha visto.
Com medo que ele fosse sair novamente, Demi jogou-se desesperadamente contra o
automóvel, estremecendo de dor quando o pára-choques bateu em seu corpo magro.
Em meio ao ruído dos freios e seu grito de dor, ela ouviu a porta do carro se
abrindo e a voz de Joe:
— Sua louca, o que está tentando fazer? Matar-se?
Ela começou a dizer-lhe que Nicky havia desaparecido, mas
perdeu os sentidos e não conseguiu falar mais nada.
Nos sonhos tumultuados, ela procurava Nicky, a respiração
ofegante, o corpo em febre, sempre chamando o nome dele, mas o garotinho a
evitava. Uma ou duas vezes, Joe apareceu nos pesadelos com uma expressão
acusadora quando perguntava o que ela havia feito com o filho dele e, embora
Demi pedisse para ser perdoada, ele nunca o fazia.
Algumas vezes, ela voltava ao passado quando ainda existia
Joe. Acordou durante um desses sonhos e percebeu que dormia na vila. O céu
estava escuro e repleto de estrelas brilhantes. Sentiu alguém sentado a seu
lado. Ela tentou virar a cabeça, muito pesada, e reconheceu Joe.
— Nicky — conseguiu dizer, com dificuldade. — Onde está
Nicky?
— Está seguro com Héloise. E muito preocupado com a mãe. O
que aconteceu para você se jogar na frente do carro?
— Eu não conseguia achar Nicky... — Ela tentou forçar a
memória. — Não havia mais ninguém por aqui. Eu... As lágrimas começaram outra
vez a correr-lhe pelo rosto e ela mordeu o lábio com força. Seu corpo doía por
causa dos arranhões e machucados causados pela batida.
— Ele não estava perdido — disse Joe, com calma. — Eu pedi
que Ashley falasse a você que nós íamos levá-Io ao aeroporto para ver os
aviões.
— Ele estava com você o tempo todo? — Demi começou a rir, um
riso histérico misturado às lágrimas. — Eu não sabia... Eu nunca recebi seus
recados.
— Nem a primeira vez — disse Joe enigmaticamente.— Você sabe
que está com uma febre muito alta durante três dias?
— É mesmo? — Ela estava completamente indiferente.
— Posso ver Nicky? — ela quase implorou. — Por favor, Joe,
não me atormente mais!
— Claro, Demi! Fique calma, por favor. Vou pedir a Héloise
que o traga aqui e depois você deve tentar dormir.
Nicky estava tão bem que ela sentiu vontade de chorar.
Passou as mãos pelo corpo do menino, que tentou se esquivar. Mas Demi não
resistiu ao desejo de abraçá-Io e assegurar-se de que não estava sonhando.
— Querido! — sussurrou, abraçando-o com os olhos
lacrimejantes quando viu Joe entrar no quarto.
— Agora vá com Héloise, Nicky — disse Joe, com calma.
— A mamãe precisa dormir.
— Sim, eu sei. Porque ela ficou muito doente!
— Eu estou bem melhor, querido. — Demi afagou-o com
suavidade, entregando-o a Héloise. Já tinha passado muito tempo da hora de ele
dormir, mas Héloise explicou que o médico dissera que Demi poderia acordar a
qualquer momento, e eles mantiveram o menino acordado porque sabiam que ela
gostaria de vê-Io.
— Por que você estava pensando que eu queria castigá-Ia? —
perguntou Joe, quando eles ficaram sozinhos.
Demi pensou que ele ia sair do quarto junto com Nicky e
Héloise, porém ele ficou aproximando-se da janela antes de olhá-Ia e fazer a
pergunta.
— Eu disse isso? — perguntou ela, a voz fraca. — Eu...
— Em seus sonhos... Durante a febre... Era uma ideia fixa —
explicou Joe. — Você me pedia o tempo todo que a perdoasse e também implorava
para que eu não a ferisse nunca mais.
— Eu estava apavorada imaginando que você iria me
responsabilizar por não cuidar bem de Nicky — admitiu Demi. — Será que pode me
deixar sozinha, por favor, Joe? Eu... Eu estou muito cansada.
Ela não suportaria mais nenhuma pergunta dele. Se Joe
continuasse a pressioná-Ia, fatalmente ela acabaria se denunciando e admitindo
que o amor e a compreensão dele era tudo o que queria.
Depois que ele saiu Demi não conseguiu dormir. Tomou um
banho e voltou para a cama, contando carneirinhos até que finalmente o cansaço
a venceu.
Ela sonhou outra vez. Aquele sonho em que acordava e Joe não
estava lá. Com medo, ela chamava incessantemente pelo nome dele em meio a
gemidos de dor, não percebendo que não estava sozinha até o momento em que
acordou nos braços de Joe.
Era óbvio que ele já tinha se deitado havia muito tempo,
pois o relógio marcava três horas da manhã, e a cama estava muito quente.
— Demi...
— Não me toque — disse ela, soluçando, ainda magoada com as
lembranças do sonho. — Você não se preocupa comigo. Só consegue ser carinhoso
com Nicky.
Ele acariciou os cabelos dela e perguntou:
— E você quer que eu seja carinhoso com você também?
Ao ouvir a pergunta Demi ficou gelada, e seu coração
disparou. Ele passou o braço por ela, abraçando-a com ternura.
— Você quer Demi? — repetiu ele. — Era isso que queria na
praia? Que eu a amasse?
Joe começou a beijar-lhe os ombros, e Demi sentia
necessidade de reagir. Mas, ao lembrar a maneira cruel como tinha sido
rejeitada, ela encarou-o com olhos assustados.
— Você realmente ia se entregar para mim, querida? Não
estava apenas brincando como eu pensei? — Havia um tom suave naquela voz, e
seus lábios excitavam delicadamente a pele de Demi. O corpo dela
tremia contra o dele e, apesar de tentar esconder isso, Demi sabia que Joe
estava percebendo. Ele beijou-lhe carinhosamente a nuca, provocando sensações
inacreditavelmente deliciosas, e os lábios dela tiveram de permanecer bem
fechados para não soltar algum gemido de prazer. Joe começou a acariciar-lhe a
pele, afastando a delicada camisola de seda, deixando-a inteiramente nua.
Beijou o pescoço e depois foi descendo pelo colo.
Desta vez era impossível esconder as reações. A garganta de
Demi doía por causa da tensão, e a cabeça ia caindo de encontro aos
travesseiros enquanto ela pedia que parasse.
Ele sorriu.
— Na verdade você não está querendo isso, está? Aquela
criatura ardente que saiu do mar e veio na minha direção não pode ter
desaparecido completamente. — Ele a abraçou, segurando-a com força, a boca
procurando vagarosamente a dela, antes de beijá-Ia apaixonadamente.
Os sussurros de satisfação dele fizeram com que Demi
quisesse responder e, apesar de ter prometido a si mesma que não trairia os
próprios sentimentos outra vez, começou a ceder.
Sua pele queimava, a boca estava seca com tanta ansiedade.
Ela tocou o corpo de Joe com paixão, sentindo que ele estremecia a cada carícia
suave.
— Meu Deus, Demi. — Joe abraçou-a com força, para
mostrar-lhe o efeito que esses toques delicados estavam causando nele. — Dessa
vez não há retorno para nenhum de nós — preveniu ele, acariciando-lhe os seios.
— Não há brincadeira, nem... — Ele a beijou com ardor, dominando o corpo dela
com o seu e aumentando cada vez mais o desejo de Demi.
— Quero você, Joe — sussurrou ela. — Não me deixe dessa vez.
Não pare...
Ele acariciou os cabelos de Demi, a respiração tornando-se
cada vez mais profunda. Abraçou-a com ternura e delicadeza, intensificando o
prazer dela até a satisfação total.
Houve um momento em que ela pensou que ele ia se afastar.
Segurou-o pelos ombros, mas Joe a tranqüilizou.
— Está tudo bem, querida... Tudo bem. — Então a possuiu
completamente. Demi suspirava contra os lábios dele e, com voz tranquila, Joe
continuou: — Deixe-me tê-Ia totalmente, Demi, de corpo e alma...
O desejo deles foi satisfeito plenamente em ondas de prazer
avassaladoras.
— Você gostou querida? Você me quis exatamente como na
praia? — lembrou Joe.
Na praia! Isso a fez se lembrar de coisas que já tinha
praticamente esquecido.
— Foi diferente. — Eles tinham feito amor, mas ainda precisavam
resolver tantas coisas!
Joe tomou o rosto dela entre as mãos, estudando-o
cuidadosamente, beijando suavemente aqueles lábios trêmulos.
— Por quê? Porque tia Marian tinha acabado de lhe falar
sobre a minha doença? Oh, sim, eu sei. Ela me contou tudo durante esse tempo em
que você esteve na cama. Foi isso que destruiu todas as barreiras, Demi? Por
isso você correspondeu com tanta paixão?
Ele acariciou a nuca de Demi enquanto ela tentava
esquivar-se daqueles carinhos. Ainda agora, depois de ter sido amada, sentia um
pouco de medo.
— Você já sabe porque fiz isso — respondeu Demi. Tudo fazia
parte de seu plano para acordar a mulher que existia em mim, não é? E então
rejeitar-me como...
— Da mesma forma como pensei que você fosse me rejeitar? —
perguntou Joe. — Foi isso o que pensou? Foi?
Ela ficou em silêncio durante um longo tempo porque se
sentia incapaz de falar.
— Você realmente quer saber a verdade? — perguntou ele
finalmente.
Demi respondeu que sim, desejando ser capaz de suportar
qualquer coisa que ele pudesse dizer.
— Quando você saiu do mar daquela forma, percebi que era a
mulher mais atraente e sensual que já tinha visto, e então, da maneira como
você me correspondia... Você sabe há quanto tempo sonhava em tê-Ia daquele
jeito? — perguntou ele, zangado. — Por Deus, Demi, todos aqueles meses que eu
passei na África, sofrendo, e depois voltando tão doente! Quase cheguei a
odiá-Ia, meu amor. Eu podia entender que você estivesse magoada, mas nunca
pensei que fosse me rejeitar completamente. Dizia a mim mesmo que conseguiria
esquecê-Ia.
Ele continuava a acariciá-Ia, e ela correspondeu.
— Então me ofereceram um emprego na América e não aceitei.
Londres era mais atraente. Não era difícil encontrar-me batendo à porta daquele
apartamento, implorando que você voltasse para mim. E então voltei e a primeira
pessoa que encontrei foi você, mas você estava mudada: estava fria e me
odiava... Exigia que eu me sentisse culpado!
Você parecia tão distante que eu nem conseguia compreender
por que você me recusava. Pensei que estava tentando fazer com que me sentisse
um monstro! Aí descobri a existência de Nicky, e tudo começou a ter sentido.
Aquela era a sua vingança por eu tê-Ia deixado sozinha e com um filho.
Mas então já era muito tarde. Não foi apenas por causa do
caso Myers, você precisa acreditar! Eu a queria, querida, mas não podia confiar
em você. Não havia jeito de você descobrir a verdade através de Ashley Myers,
então eu resolvi lhe explicar tudo depois que os problemas estivessem
resolvidos.
Ele fez uma pausa, e ela sentiu-se confusa.
— Imaginei que já casados poderíamos nos lembrar de toda
essa história e dar boas risadas. Você havia se entregado com tanta doçura que
não consegui acreditar quando mais tarde me recusaria. Não me casei com você
apenas para ficar perto de Nicky, Demi. Eu poderia ter conseguido isso nos
tribunais. Não! Quando a vi novamente, soube que queria você, não importava
quanto tivesse de lutar. Só me casar com você não era o suficiente, eu
precisava tentar transformá-Ia outra vez naquela mulher adorável que conheci...
— Pensei que você quisesse apenas se vingar.
— Eu sei... Agora. Quando Marian me disse que você nunca
recebeu minhas cartas, pensei que você estava mentindo e então fiquei me
perguntando por que você estava agindo assim.
— Ashley Myers deve ter sumido com a carta — comentou Demi.
— Pensei que você tivesse me deixado, Joe, e fiquei muito magoada. Nós havíamos
feito amor e foi a coisa mais bonita que aconteceu na minha vida. Fantasiei que
você iria voltar o que não aconteceu, e então o escândalo explodiu e...
Descobri que estava grávida... Fiquei tão magoada pensando que você jamais iria
conhecê-Io, que nunca poderia ver aquela criança maravilhosa que nós tínhamos
gerado...
— Quando me casei com você pensei que talvez voltasse a me
amar...
— Eu nunca deixei de amá-Io — confessou Demi, acariciando os
ombros de Joe. — Tentava me convencer de que tinha esquecido você, porém estava
me enganando. Quando Marian me contou o que realmente havia acontecido, e eu
soube que você me amava, só conseguia pensar nisso. Achei que, se lhe mostrasse
os meus sentimentos,
conseguiríamos superar o passado. Só não pensei que você
também poderia estar magoado...
— E por isso você se entregou abertamente... E eu a
rejeitei. Você acha que vou ter outra chance como aquela? — perguntou ele,
beijando-a.
Na escuridão, Demi olhou para ele.
— Você quer dizer...
— Eu quero dizer uma outra aparição vinda do mar, mas dessa
vez, querida, prometo a você que será bem recebida.
Não agora, mas quando você achar que confia plenamente em
mim. Quando tiver me perdoado e superado todas as lembranças amargas e... Aonde
você vai? — perguntou ele, quando ela saiu da cama. .
Ela parou e sorriu misteriosamente.
— Tente adivinhar! — exclamou, provocando-o. — De repente
senti uma vontade imensa de nadar.
Quando olhou para ele, percebeu que Joe realmente a amava,
mesmo antes de ouvir as declarações apaixonadas.
— Eu a amarei para sempre — murmurou ele, enquanto pegava
nas mãos dela para beijá-Ias com adoração.
— E eu o amo loucamente!
Ela não conseguia esperar mais para ir até a praia. Suas
mãos tremiam nas dele, a luz que brilhava em seus olhos era de ternura e, com
um pressentimento repentino, Demi soube que naquela noite conceberia uma
segunda criança.
Sorriu. Um presente de Joe, seu marido adorado... Um
presente da vida, um presente de amor.
F
I M
Hey gente! espero que tenham gostado,logo eu posto mais pra vocês Beijos.
quinta-feira, 21 de março de 2013
CAPÍTULO X
CAPÍTULO X
Ao chegarem à vila, o telefone tocava. Joe atendeu e pela
conversa Demi deduziu que era Ashley. Isso foi confirmado quando ele desligou.
— Ashley pediu que eu vá buscá-Ia. Não vou demorar muito.
Demi deu de ombros, esperando que ele não notasse o ciúme
que ela sentia.
— Não tenha pressa!
Ela foi para o quarto e pôde ouvir o carro se afastando.
Só então admitiu quanto esperava que Joe tivesse se recusado
a ir. Se ele não fosse, os dois ficariam sozinhos naquele ambiente romântico...
Permaneceu ainda algum tempo junto à janela, olhando para a escuridão da noite,
e então Nicky murmurou alguma coisa enquanto dormia, o que fez com que ela se
desse conta do motivo de estar naquele lugar, casada com Joe.
Já era tarde quando ela o ouviu chegar. Puxou as cobertas,
tentando respirar como se realmente estivesse dormindo e afastando-se o mais
que podia do lado da cama onde Joe se deitaria.
Ela escutara os passos dele e procurava adivinhar-lhe cada
movimento. Pareceu uma eternidade até que Joe fechasse o chuveiro e voltasse
para o quarto. Aí então ele ergueu as cobertas e se deitou. Demi tinha vontade
de se voltar e ver o que Joe estava fazendo, mas se o fizesse ele saberia que
ela ainda estava acordada. Sentia a garganta seca de tanta tensão e, quando ele
se virou, roçando-lhe as costas, seu corpo ficou rijo numa tentativa de não
tremer.
Se não fosse por Marian, de quem ele tanto gostava e não
queria chocar ou magoar, será que nessa noite Joe estaria nos braços de Ashley?
Ele se mexeu novamente, e ela ficou gelada, arregalando os
olhos quando Joe disse zombeteiro:
— Boa noite, Demi! Sonhe com os anjos, minha querida.
Durante todo o tempo ele sabia que estava acordada! Que
prazer não teria sentido ao permitir que ela fingisse daquela maneira!
Ele me fez de boba, pensou com raiva, desejando vingar-se.
No entanto, percebeu que Joe já dormia profundamente enquanto ela, com insônia,
era atormentada pelos pensamentos do que poderia ter acontecido entre ele e
Ashley.
Sem dúvida, se eles dividissem a mesma cama, estariam um nos
braços do outro, concluiu enciumada.
Ela acordou de madrugada, envolvida por um delicioso calor,
com um som forte junto ao ouvido. Quando se mexeu, percebeu que eram as batidas
do coração de Joe. Em algum momento durante a noite, Demi devia ter se virado
para o lado dele, aninhando-se àquele corpo quente que a abraçava, com uma das
mãos sobre seus seios. Joe dormia profundamente e ela tentou se afastar, mas
ele a apertou imediatamente. Com medo de que ele pudesse acordar e descobrir o
que havia feito, Demi procurou relaxar, sem perceber que Joe sorria enquanto
ela voltava a dormir.
Quando acordou novamente Nicky estava chamando por ela.
Ainda sonolenta, pôde notar que o menino estava sentado na cama, junto dela,
com um olhar de reprovação.
— Pensei que você não ia acordar! Meu pai vai me ensinar a
nadar, e eu quero tomar o meu café, mamãe.
Demi escutou aquela exigência masculina, tentando dizer a
Nicky que o café poderia ficar para mais tarde.
— A mamãe não quer acordar — disse Nicky, dirigindo-se ao
pai, e, antes que ela pudesse protestar, as cobertas foram retiradas por uma
mão masculina.
Joe estava de pé na frente dela, vestido com jeans e uma
camisa fina de algodão desabotoada até a cintura. Ele riu quando viu a
indignação de Demi.
— Vamos, preguiçosa, levante-se! Nicky e eu já estamos
acordados há muito tempo, não é, filho?
Nicky concordou.
— O papai precisou me vestir — disse ele a Demi, com ar
acusador.
Ela olhou para o relógio. Eram sete e meia da manhã!
— Pobre papai — disse ela friamente.
Joe inclinou-se sobre a cama com malícia e murmurou:
— O papai também vestirá a mamãe se ela pedir com jeitinho.
Demi pulou da cama, e olhou-o, furiosa, quando ele riu
enquanto ela procurava pelas roupas que ia vestir.
— Não demore mamãe. Nós temos uma surpresa para você — disse
Nicky logo que ela entrou no banheiro. Posso pular nessa cama? — Demi ainda
ouviu o menino perguntar a Joe. Sentiu uma leve angústia ao pensar em Joe,
dando banho e vestindo o filho, e ela dormindo sem saber de nada.
O quarto estava vazio quando ela voltou. Rapidamente ajeitou
a cama, indo para o quarto de Nicky para arrumá-Io. Héloise havia dito para que
não se preocupasse com isso, que ela estava na vila passando férias, mas a
força do hábito a fazia executar essas pequenas tarefas domésticas
automaticamente.
Demi mostrou-se satisfeita ao notar diante do espelho que
sua pele já estava levemente bronzeada. Escovando os.
cabelos, reparou que seus olhos brilhavam suavemente...
Era óbvio demais que ela apresentava os sintomas
inconfundíveis de uma mulher profundamente apaixonada. Precisava redobrar os
cuidados para que Joe não descobrisse aquela verdade. .
Quando foi para o jardim, todos já esperavam por ela.
O rosto de Nicky exprimia excitação e impaciência.
— Posso falar agora? — perguntou ele ao pai.
Joe concordou e, quando Demi o olhou, curiosa Nicky gritou:
— Feliz aniversário, mamãe! Venha ver o que comprei para
você!
De repente ela se deu conta de que, com o casamento e as
férias, tinha esquecido completamente de seu aniversário.
Nicky estava muito excitado e só nesse momento Demi percebeu
a pequena pilha de presentes ao lado de seu prato.
Sentiu um nó na garganta. Há muito tempo ninguém se lembrava
do aniversário dela.
Joe levantou-se e caminhou em sua direção, enquanto ela
tentava conter as lágrimas. Marian estava sorrindo compreensiva, e Demi não
teve vontade de se afastar quando Joe segurou-lhe a mão, enlaçando seus dedos
carinhosamente.
Quando o olhou, Demi sabia que era ele o responsável por
aquela surpresa e recordou-se dos longos dias quentes de verão que partilharam
anos atrás, quando Joe lhe oferecera lindas rosas e um delicado frasco de
perfume, brindando o aniversário dela com champanhe francês...
Fazia tanto tempo! Mesmo assim sentia-se emocionada por ele
ter lembrado.
— Abra o meu primeiro — pediu Nicky. — É aquele! Ele apontou
um pequeno pacote embrulhado com um bonito papel cor-de-rosa e laços prateados.
Era uma echarpe azul degradê, muito bonita e sofisticada, e
Demi adorou-a.
— Eu e papai escolhemos — disse Nicky, todo importante.
— Você gostou?
— Adorei meu amor! — Demi deu-lhe um beijo.
Havia cartões de felicitação de Héloise e François e um
perfume delicioso como presente de Marian, além de uma fotografia de Nicky
emoldurada por um lindo porta-retratos prateado.
— Oh, você não deveria ter feito isso — protestou ela
impulsivamente, beijando Marian com doçura. — Muito obrigada.
— Por falar nisso, onde está Ashley? — perguntou,
determinada a não deixar que notassem seu embaraço por saber que não haveria
nenhum presente de Joe.
— Ashley ainda não levantou — disse Marian, interrompendo
aqueles pensamentos tristes. — E você, Joe, não comprou nada para Demi?
Ela desejava que essa pergunta jamais tivesse sido feita.
Mas Marian imaginava que o casamento deles fosse
perfeitamente normal e esperava atenção e gentileza de Joe para com a esposa.
— Comprei, sim — respondeu ele, deixando Demi surpresa. Ele
parecia se divertir ao ver o rosto vermelho dela. — Porém, para evitar que ela
fique constrangida, achei melhor entregar o presente quando estivermos
sozinhos. Na verdade — ele se levantou —, eu ia lhe pedir para fazer companhia
a Nicky enquanto nós vamos até o quarto.
Marian riu e disse-lhe que ele estava deixando Demi corada.
— Eu sei — foi à resposta dele. — E gosto muito disso!
Não havia jeito de Demi recusar aquele convite e, com um
sorriso forçado, agradeceu a Marian por cuidar de Nicky.
Levantou-se e seguiu Joe.
Quando ele abriu as janelas da sala de estar do quarto, ela
hesitou, e Joe a encarou.
— Assustada? Fique tranquila! Espero com meu presente
despertar aquela mulher maravilhosa há tanto tempo adormecida. Aqui está.
Tomara que goste!
Ele lhe entregou um grande pacote embrulhado com papel de
seda vermelho e amarrado com fitas brancas.
Demi apanhou o pacote, confusa, passando os dedos pelo papel
pensativamente.
— Abra — pediu Joe com suavidade. — Marian não descansará
até que saiba o que é. Você realmente consegue ser uma mulher intrigante —
acrescentou ele quando viu que ela permanecia imóvel com o pacote nas mãos. —
Qualquer outra mulher estaria morrendo de curiosidade.
Percebendo que não poderia sair do quarto até que abrisse o
pacote, Demi hesitou ainda um pouco antes de desmanchá-Io. Surpreendeu-se ao
ler o nome da loja, mas isso não foi nada em comparação à expressão que fez ao
abrir a caixa e ver, espantada, seu conteúdo. Seus dedos passearam sobre um
delicado sutiã em cetim cor de damasco debruado com renda branca, uma calcinha
da mesma cor, tão sumária que ela achou-a indecente, uma cinta-liga rendada,
também minúscula, e um par de meias de náilon com risca. Havia ainda uma
camisola de seda finíssima e um négligé combinando, mas Demi mal conseguia
tocá-Ios. Seu rosto passou de pálido para um vermelho intenso quando viu todas
aquelas peças de seda pura.
— Como você ousou me comprar um negócio desses? Perguntou
finalmente, com a voz embargada de tanta fúria.
— Como se atreveu?
— Eu queria que se lembrasse de que era feminina — disse
Joe, que estava de pé olhando para ela, com as mãos nos bolsos da calça,
aparentemente descontraído. Mas Demi percebeu que ele demonstrava certa
ansiedade, o que a deixou angustiada. — Ou foi apenas para lembrar a mim mesmo
— continuou o rosto alterado pela raiva, quando ela subitamente jogou a caixa
no chão. — Não havia nenhum outro motivo especial.
Demi não sabia exatamente por que tinha ficado tão furiosa
com o presente. Talvez pelo fato de nunca mais ter pensado em si mesma desde o
nascimento de Nicky... Ultimamente suas roupas íntimas eram muito simples e
baratas. Não pôde mais se dar ao luxo de escolher lingeries atraentes e nem
mesmo se sentia motivada. Ao ver aquelas delicadas peças de seda, lembrou que
um dia havia desejado vestir-se apenas para agradar aquele homem... '
— Saia daqui — disse ela, calma. — Não existe nenhuma mulher
adormecida, Joe, você a destruiu completamente. Virou de costas e, quando se
voltou, ele já havia saído. Como uma sonâmbula, pegou as peças de seda,
dobrou-as e guardou-as novamente na caixa. Seria o presente ideal para Ashley,
não para ela! Abriu uma gaveta e escondeu a caixa cuidadosamente antes de
retomar ao jardim.
— Tudo bem, Demi? — perguntou Marian, preocupada. — Você me
parece um pouco pálida.
— Estou bem. Onde está Nicky? — Ela olhou em volta à procura
do filho.
— Oh, Ashley queria ir até Nice, por isso Joe a levou e
Nicky foi junto com eles. — Marian estava aborrecida. — Sinto muito por Ashley
ser tão inconveniente, querida. A mãe dela é uma velha amiga minha, mas a filha
nunca me agradou muito. .
— Ela me parece fanática por homens — comentou Demi
secamente, adivinhando o que estava preocupando sua anfitriã. — Estou certa em
pensar que ela e Ken já tiveram um relacionamento mais íntimo?
Marian deu um leve sorriso.
— Como você é sensata, minha querida, achei que fosse se
incomodar somente com as investidas de Ashley. Posso lhe afirmar que Joe nunca
sentiu nada além de um interesse passageiro por ela. Foi durante um verão em
que ele esteve muito doente, e, naquela época, eu mesma a encorajei. Queria
vê-Io curado e tentaria qualquer saída para que se reanimasse. Foi uma fase
terrível. E receio de que eu tenha ficado muito magoada com você, Demi. De
fato, hoje posso ver que você é bem diferente da mulher que eu imaginava.
— Magoada comigo? — perguntou Demi, assustada. — Acho que
não estou entendendo.
Marian pareceu um pouco confusa.
— Oh, minha querida, não quero tocar em feridas antigas,
mas, quando Joe chegou da África doente daquele jeito, eu tinha certeza de que
você era a única culpada. Você sabe, ele já havia me contado sobre a primeira
carta, mas eu o persuadi a escrever novamente. Achava que você acabaria
cedendo. Ele me colocara a par de tudo. No entanto, quando a carta dele voltou
sem resposta... Bem, cheguei mesmo a odiá-Ia. — Calou-se ao ver o rosto pálido
de Demi. — Oh, querida, sinto muito! Não deveria ter tocado nesse assunto.
Joe me avisou para não...
— Estou contente por você ter me contado — disse Demi, com
voz trêmula — porque, acredite, eu nunca escrevi para Joe em toda a minha vida.
Não depois de ele ter me abandonado, deixando-me sozinha para enfrentar a
imprensa. Nem mesmo quando eu soube que esperava um filho e todo mundo parecia
estar contra mim. Jurei nunca fazê-Io. Ele havia deixado bem claro que não
queria mais nada comigo...
— Nada com você, Demi? Minha filha, você está redondamente
enganada — interrompeu Marian, zangada. -Como, se depois que voltou doente da
África ele só pensava e falava em você? Pensei que nunca mais pudesse se
recuperar e escrever para você foi minha última esperança. Imaginei que vendo
você e ouvindo sua voz teria vontade de
Viver... Era como se quisesse morrer, mas o corpo dele
reagiu, mesmo contra a própria vontade.
— Por favor... Do que você está falando? Joe me deixou
depois de vasculhar o apartamento em busca de provas que ele precisava para o
caso Myers, e eu nunca mais o vi. Acordei naquela manhã... — Ela
interrompeu-se, levemente corada — esperando encontrar-me nos braços dele e em
vez disso estava completamente sozinha. Mas no final daquele dia a história de
Joe já estava estampada em todos os jornais e eu estava sendo interrogada
incessantemente pela polícia que queria saber qual era meu envolvimento no
caso.
Marian suspirou.
— Oh, minha querida, sinto muito! Compreendo agora por que
você se sentiu tão magoada.
— Esperei que ele entrasse em contato comigo — continuou
Demi como se Marian não tivesse falado. — Durante todo o tempo que o caso ficou
nos tribunais eu ainda tinha esperança de vê-Io, porem não aconteceu nada...
Absolutamente nada!
— Minha pobre criança! — Marian olhou-a com compaixão. —
Como ele poderia entrar em contato com você? Depois que a notícia explodiu, Joe
foi enviado pelo jornal para ser correspondente de guerra em Angola,
substituindo um jornalista que havia sido ferido e passava muito mal. Ele lhe
pediu tempo... Tempo para explicar a você por que não tinha sido capaz de lhe
contar sobre o caso Myers, mas eles foram inflexíveis. Poucos aviões recebiam
permissão de entrar e sair de Angola e ele foi obrigado a partir naquela mesma
manhã.
— Ele poderia ter feito alguma coisa antes de partir.
Escrito algum bilhete...
O olhar de Marian era confuso.
— Mas ele escreveu um bilhete! Ele mesmo me contou, embora
com relutância. Joe não é o tipo de homem que faz confidências com os outros,
mesmo que sejam amigos íntimos. Ele escreveu pedindo que você confiasse nele e
o esperasse, dizendo que explicaria tudo logo que voltasse.
— Eu não recebi nada — disse Demi vagarosamente, tentando se
recordar da exata sequencia dos acontecimentos daquela terrível manhã. Havia
chegado correspondência naquele dia? Sim, havia algumas cartas para Ashley, e
ela as deixara na cozinha. Entretanto, ao voltar, Demi notou que não estavam
mais lá. Um dos vizinhos a procurou e informou-lhe que Ashley tinha saído na
companhia de alguns policiais. Ashley! O sangue subiu-lhe ao rosto. Será que a
carta de Joe chegara durante a manhã e Ashley a lera?
Será que por amargura e ressentimento ela a havia destruído
ou guardado como um meio de vingar-se mais tarde de Demi, que inocentemente
tinha sido causadora da ruína do irmão dela?
— Em que você está pensando? — perguntou Marian astutamente.
— Uma colega que morava comigo, cujo irmão foi condenado.
Ela voltou ao apartamento naquele dia.
— E ela pode ter pego a carta? Claro! Joe disse que deixou
instruções para que fosse entregue em suas mãos.
— Mas isso não explica por que ele não tentou entrar em
contato comigo depois. Com certeza...
— Ele não podia — disse Marian gentilmente. — Quando estava
em Angola, Joe foi preso e permaneceu na prisão por seis meses. Finalmente,
conseguiu fugir e alcançar a fronteira, onde foi encontrado delirando. Demorou
mais seis semanas até que tivesse alta do hospital. Ele estava macérrimo e
havia contraído uma febre violenta. Por um longo período parecia ter perdido a
memória, e só quando chegou aqui para se recuperar é que fiquei sabendo do
relacionamento de vocês. Ele me contou todos os detalhes, mas fique tranquila.
Demi a olhou espantada, e Marian acrescentou:
— Bem, eu disse que Joe havia contraído uma febre terrível e
por isso delirava muito. Não era preciso ser inteligente para descobrir que a
"Devonne" por quem ele chamava continuamente tinha grande importância
na vida dele. Quando se recuperou, eu lhe falei sobre o assunto, e Joe então me
contou tudo. Estava muito amargurado com os acontecimentos. Havia pedido ao
editor do jornal que esperasse até que tivesse tempo de contar a você para
publicar a história, mas eles sabiam que, se não o fizessem imediatamente,
outra pessoa o faria. Por algum tempo pensei que Joe fosse morrer. Ele não se
esforçava para se recuperar e eu, desesperada, o convenci a me dar seu nome e
endereço e lhe escrevi pedindo que entrasse em contato conosco. Quando a carta
voltou sem ser aberta, Joe ficou muito transtornado, tornou-se duro e calado...
E então Ashley veio passar uns tempos conosco. Ela o fez rir novamente, e eu
sabia que ele iria viver.
Uma mistura de emoções deixou Demi quieta. Então ela disse
em voz baixa:
— Eu mudei de lá. Precisei também mudar de nome, por causa
da publicidade. Ao deixar o apartamento comprei uma casa, para viver com
Nicky... — As lágrimas escorreram pelo seu rosto. Subitamente ela estava
chorando como não fazia há anos, e Marian a confortava como a uma criança.
— Acho que você precisa de uma xícara de chá — disse ela
firmemente quando Demi conseguiu se acalmar.
Demi respondeu com um leve sorriso. .
— Um remédio para todos os males do mundo! — Demi ficou
imaginando se Marian não achava estranho que o próprio Joe não a tivesse
informado sobre tudo isso, e então compreendeu, pelo olhar sagaz dela, que Marian
não tinha sido inteiramente iludida pelos dois a respeito daquele casamento.
— Você o ama, não ama?
Demi tentou sorrir. — O que você diria se eu dissesse que
não?
— Iria chamá-Ia de mentirosa — respondeu Marian, com
sinceridade. Depois sorriu. — Como hoje é seu aniversário, Héloise está
preparando um jantar especial para esta noite. Dar conselhos sempre foi muito
fácil, Demi, mas segui-Ios é difícil. Apesar de todos os esforços que vocês
estão fazendo para esconder os problemas, posso notar que as coisas não vão
indo muito bem... Ele é um homem muito orgulhoso e acho improvável que dê o
braço a torcer mais uma vez. Procure mostrar-lhe seus sentimentos... e não se
arrependerá! Você ainda tem o elo mais importante que poderia ter... Nicky —
disse suavemente enquanto Demi parecia confusa. — Mesmo pensando que ele a
tinha abandonado você deu à luz a seu filho e ainda o ama. Permita que isso
seja a ponte de ligação entre vocês dois.
As revelações de Marian deixaram Demi pensativa pelo resto
do dia. Quando Ashley e Joe voltaram de Nice, ela ficou observando Joe ensinar
Nicky a nadar, percebendo que Ashley estava ressentida com a atenção que Joe
dispensava ao filho.
— Vamos sair para jantar esta noite? — sugeriu Ashley,
quando saiu da água com um minúsculo biquíni branco, colocando-se
estrategicamente onde Joe não pudesse deixar de notar aquelas curvas sedutoras.
— Hoje é o aniversário de Demi, e Héloise está preparando
algo especial para comemorarmos — disse Marian, com firmeza. — Mas se você
quiser sair, Ashley, sinta-se à vontade, está bem?
Por um momento Demi percebeu que Louise ficou indignada.
Então, parecendo indiferente, ela disse com desdém:
— Então é seu aniversário! Joe lhe deu algum presente?
A suspeita de que Ashley havia comprado aquelas roupas íntimas
desapareceu e foi substituída por um tom de malícia na voz de Demi.
— Sim. E acho que vou usá-Io hoje à noite.
Ashley ficou confusa, e Joe fingiu não ter ouvido.
Entretanto, as revelações de Marian encorajaram Demi a agir como nunca havia
feito antes! Estava desinibida e pronta para reconquistar o amor dele, voltando
a ser aquela mulher ardente e sincera que um dia Joe tinha amado com paixão.
— Veja, mamãe, estou nadando! — exclamou Nicky, batendo as
mãos na água com euforia, enquanto Joe o segurava.
— Ótimo, querido! — Demi sorriu com admiração, enquanto
pensava em todas as roupas que havia trazido para as férias. Não podia usar
outra vez o vestido preto e não tinha nada adequado para um jantar de
comemoração. — Será que François poderia me levar até Nice? — perguntou a
Marian. — Ultimamente meus aniversários não têm sido comemorados e não tenho
nada especial para vestir hoje.
Marian deu uma gargalhada.
— Que mudança para uma garota que ontem mesmo disse que não
precisava de nada! — brincou ela. — É claro que ele pode levá-Ia, querida. Você
se importa se eu for junto?
Desta vez Demi estudou cuidadosamente cada loja. Sabia
exatamente o que queria, e Marian olhava para ela surpresa enquanto Demi
examinava e deixava de lado vários vestidos.
— O que você esta procurando? — perguntou ela com
curiosidade.
Demi sorriu.
— Algo que possa ser usado sobre roupas íntimas de seda e
renda.
Por um instante Marian arregalou os olhos, mas logo riu,
surpresa.
— Ah, agora estou entendendo... O misterioso presente de
aniversário! Eu conheço um lugar cuja especialidade é roupa de seda. Você quer
ir até lá?
Meia hora depois elas voltavam para o carro, ambas
satisfeitas com as compras. A boutique tinha exatamente o que Demi desejava. Um
conjunto de duas peças, com a saia de seda num tom adamascado e uma blusa da
mesma cor também de seda, toda bordada, sem mangas e com um recorte embaixo do
busto, debruado com um provocante e fino babado, abotoada na frente com
pequenas pérolas. Ela comprou ainda um par de sandálias altas.
— O preço está razoável para esse tipo de calçado falou Demi
enquanto pagava.
Marion olhou surpresa para ela e falou:
— Agora estou começando a compreender o que Joe quer dizer
quando se refere a outra mulher que existe dentro de você. Ela deve estar
ressurgindo com toda a força, querida.
Demi esperou intencionalmente até que Joe terminasse de se
aprontar para começar a se vestir. Marian tinha lembrado que tais comemorações
precisam de algo muito especial para beber e pediu a Joe que saísse para
comprar.
— Champanhe, claro! — Demi ouviu Marian dizer enquanto Joe a
seguia, saindo da sala de estar da suíte. Héloise preparou um pato com laranja
delicioso!
Quando ele desapareceu, Demi tomou uma ducha demorada,
ensaboando-se com os sais de banho que costumava usar.
Quando saiu da água, enxugou-se e aplicou delicadamente um
creme perfumado sobre o corpo todo. Suas mãos hesitaram ao tocar as peças de
seda. Nunca em toda a vida tinha tentado deliberadamente seduzir um homem como
estava fazendo naquela noite, e por isso mesmo não podia nem pensar em falhar.
Quando se olhou ao espelho, com a saia e as sandálias, percebeu que seu
bronzeado já estava acentuado. Ia colocando a blusa quando a porta se abriu e
Joe entrou, ficando paralisado ao vê-Ia. Parecia sinceramente satisfeito em
observá-Ia e então, com um sorriso compreensivo, disse brincando:
— Muito bem, afinal eu estava certo. — Correu os dedos pela
blusa de Demi, e ela estremeceu. — Gostaria de saber o motivo dessa mudança tão
repentina! — Antes que Demi pudesse responder, ele se afastou, deixando-a
desapontada.
— Enquanto você termina de se vestir eu vou descer e ver
Nicky. A menos, é claro, que você precise de ajuda.
Olhou-a com desejo, e Demi desejou ardentemente ter a
coragem de dizer: "Sim, por favor..." No entanto, não conseguiu
reagir, ficando totalmente emudecida e, embora a olhasse com carinho, Joe saiu
do quarto, deixando-a sem outra alternativa a não ser colocar ela mesma a blusa
e abotoá-Ia com os dedos trêmulos. .
Quanto à maquilagem, Demi passou apenas um pouco de rímel e
batom. O leve roçar da seda em sua pele fez aumentar ainda mais o desejo de que
Joe a tocasse e a possuísse demoradamente.
Ashley olhou, carrancuda, quando ela apareceu na sala de
jantar. Demi mediu-a dos pés à cabeça, observando o modelo do vestido e
detendo-se no decote: estava usando um vestido preto e justo, mas a cor escura
deixava a pele dela muito pálida e, honestamente, Demi achou que, entre as
duas, naquela noite ela, sem dúvida, estava mais atraente.
Eles iniciaram o jantar com um refrescante coquetel de
frutas, seguido de um suculento pato assado com molho de laranja e alguns
legumes cozidos, servido de uma maneira como só os franceses sabem fazer.
Demi tomou o vinho branco, corando a cada vez que percebia
Joe olhando-a.
Depois comeram crepes suzetes com morangos frescos e, apesar
de ela recusar, Joe insistiu em servi-lhe champanhe.
Quando terminaram, Demi sentia-se um pouco tonta.
Marian sugeriu que fossem para a sala de estar, onde começou
a conversar com Ashley, sobre a mãe dela.
Demi molhou os lábios, desejando que Joe viesse sentar-se a
seu lado. Ele vestia uma roupa social que o deixava um pouco mais magro.
— Acho que vou me deitar — disse Demi, esperando que ninguém
percebesse que estava hesitante. Eram apenas dez horas, mas com certeza Joe
também iria... Olhou para ele, desejando que se virasse e dissesse que iria
acompanhá-Ia, mas Joe permaneceu calado, e Demi percebeu que Marian a fitou com
simpatia quando ele se virou para sair da sala.
No quarto ela se sentou na beira da cama, tentando prestar
atenção a cada som, mas quase meia hora se passara e nem sinal de Joe!
As esperanças começaram a desaparecer e a excitação começou
a transformar-se em tristeza. Será que não tinha deixado às intenções bem
claras ou será que ele não estava mais interessado... .
Demi esperou mais quinze minutos e então saiu da casa,
seguindo o caminho que levava à praia. O barulho das ondas contra as pedras era
reconfortante. A noite estava quente e havia uma suave brisa. Dominada por uma
necessidade incompreensível, Demi tirou vagarosamente a saia e a blusa de seda,
colocando-as com cuidado fora do alcance da água. Quando a brisa começou a
bater em sua pele ela hesitou, mas depois acabou se despindo completamente e
entrou no mar.
Nunca tinha nadado à noite e muito menos despida, e agora se
sentia um pouco chocada com aquele impulso. Mas experimentar a sensação da água
do mar batendo em seu corpo nu era deliciosamente erótico. Ela se jogou contra
as ondas, segura por saber que a praia era particular.
Quando viu uma sombra vinda pela praia, quase morreu de
susto. Ela boiava imóvel, enquanto o vulto se dirigiu à pequena pilha de
roupas, então, vagarosamente, retirou as suas, entrando no mar com passos
largos até que conseguisse nadar tentando alcançá-Ia.
— Joe... — murmurou num suspiro e calou-se, pois a intensa
excitação alertou-a de que era melhor ficar quieta.
Nadou languidamente, afastando-se, quando ele quase chegou
perto. Estava certa de que Joe a seguiria e então, quando a alcançasse, ele a
abraçaria, mergulhando-a sob aquela água, para beijá-Ia até que a falta de ar
os fizesse vir à tona.
— O que está acontecendo com você esta noite? — perguntou
ele, quase sussurrando.
— Estou querendo apenas ser uma mulher, Joe — falou
docemente, tentando escapar dos braços dele e mergulhando, provocante.
Ele nadou com maior rapidez, alcançando-a e abraçando-a
suavemente quando ela se virou em direção à praia.
Ao saírem da água, parecia natural que Joe a carregasse nos
braços, sem dizer nada, até um pequeno trecho de areia que o mar havia limpado
com suas ondas. Ele a deitou no chão, cobrindo-a com o próprio corpo.
Em completo silêncio Demi levou as mãos ao rosto dele,
acariciando-o suavemente antes de beijá-Io com paixão, ao mesmo tempo em que
Joe começava a explorar o corpo dela com movimentos suaves e sensuais.
Ela o beijava com paixão enquanto suspirava a cada toque
leve e atormentador de Joe. Suas mãos começaram a acariciar febrilmente o corpo
dele, enquanto seus lábios beijavam aquela pele com ardor.
Joe suspirou profundamente logo que ela o abraçou, moldando
o corpo ao dele, incitando-o a possuí-Ia num redemoinho de prazer interminável.
Não havia mais lugar para vergonha ou timidez quando Demi
passou possessivamente os braços pelo pescoço de Joe, prendendo os lábios aos
dele e sendo novamente atormentada com aquelas carícias másculas e sensuais.
A demora de Joe em possuí-Ia era insuportável, e
Demi contorcia-se febrilmente sob ele, implorando o que ele se negava a
fazer, com os braços tentando trazê-Io de novo para junto de si.
Ele segurou as mãos dela, afastou ainda mais o próprio corpo
e, olhando para o rosto de Demi, disse com a respiração ofegante:
— Agora me diga que você não é uma mulher, Demi, e que não
sabe o que é sentir e querer possuir alguém quando se está morrendo de desejo.
O pânico tomou conta dela, Joe não a olhava mais com paixão,
mas com um olhar tão frio que a deixou amedrontada.
— Vou lhe ensinar mais alguma coisa... — Joe continuou — e
tenho certeza de que você será uma excelente aluna, porque vou lhe mostrar o
que é se sentir rejeitado como você vem fazendo comigo o tempo todo. E para lhe
explicar isso não preciso fazer absolutamente nada, preciso, Demi? — ele
perguntou, com maldade. — A única coisa que devo fazer é sair daqui nesse
momento. Nada de sexo sem amor, você me disse uma vez, e é exatamente o que
penso. Foi bom enquanto durou, mas agora acabou.
Sem dizer mais nada, ele se virou e a deixou deitada na
areia. Enquanto seu corpo doía de frustração, Demi sentia-se humilhada e
destruída, insegura diante daquela recusa. Porém, sabia que se Joe voltasse e
resolvesse possuí-Ia, mesmo assim não teria forças para resistir.
Depois de algum tempo conseguiu voltar para o quarto.
Não havia sinal de Joe, embora ela nem esperava que ele
estivesse lá. Tentou esquecer o desejo que seu corpo sentia.
Havia ficado tão atormentada com os próprios sonhos, quando
Marian lhe contou tudo, que nem pensou no que a rejeição tinha representado
para Joe e os sentimentos dele.
Era natural que ele quisesse se vingar. Ela também não havia
sentido a mesma ânsia de vingança? Agora estava magoada, pois Joe a vencera,
como tinha prometido. Experimentou o sofrimento decorrente daquela rejeição e
nem por isso ficou com ódio dele. Pelo contrário, eles estavam vivendo o tempo
todo num grande equívoco.
Deveria ter conversado com ele primeiro, pensou com
tristeza. Deveria ter explicado que nunca recebera aquelas cartas e que nunca
soubera o que lhe havia acontecido.
Será que isso teria adiantado? Será que a amargura dele já
não era profunda demais? Se Joe ainda tivesse um mínimo de sentimento por ela,
certamente esta noite teria deixado todas as barreiras de lado...
Demi começou a se sentir cansada. Depois do que acontecera,
estava fraca demais para pensar em qualquer solução viável para sua situação.
Poderia encarar Joe novamente sabendo como havia se exposto a ele? "Nada
de sexo sem amor", ele afirmou, e agora Joe sabia que ela o desejava, pois
tinha se traído abertamente, encorajando-o a possuí-Ia.
As lágrimas começaram a correr pelo seu rosto enquanto Demi
se virava de um lado para o outro na enorme cama vazia. Ela precisava ser
perdoada...
quarta-feira, 20 de março de 2013
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO IX
As lojas de Nice deixaram Demi maravilhada. Marian tinha um
escocês exilado que trabalhava como motorista e jardineiro da vila, e ele
levou-as até a capital dos Alpes marítimos.
Demi já havia se desculpado por ter adormecido e deixado
Nicky com ela por tanto tempo, mas Marian apenas lhe deu um largo sorriso,
afirmando que não ficasse preocupada.
— Heloise vibra com as crianças, e Nicky já se tornou o
menino dos olhos dela — disse a Demi, que havia notado por si só, durante o
café da manhã, que isso era verdade.
Joe não apareceu para tomar café, e quando Marian disse que
ele tinha ido nadar, e não voltaria antes que elas tivessem saído, Demi
conseguiu relaxar e apreciar os croissants e a geleia de pêssego servido no
café.
Na verdade, Marian estava errada. Demi ficou pasma quando
elas estavam entrando no carro e Joe apareceu, beijando-lhe o pescoço antes de
abraçá-Ia. Demi lembrou que Marian os observava, e ela então imaginou que
aquele abraço era para seu próprio bem. A menos que ele já tivesse começado a
procurar aquela mulher que acreditava existir dentro de Demi.
— O que você acha desse biquíni? — perguntou Marian,
chamando a atenção de Demi para um minúsculo biquíni de seda verde-esmeralda
amarrado dos lados.
— É escandaloso demais — disse Demi com sinceridade. — E o
preço também.
Marian riu.
— Acho que vai lhe servir. Vamos entrar e experimentar para
ver como fica em você.
Seria inútil dizer não, pois Marian parecia querer resolver
tudo sozinha. O biquíni foi comprado, apesar dos protestos de Demi assim como
dois shorts sumários e uma camiseta listrada de verde e branco.
— Você trouxe algo especial para a noite? — perguntou
Marian, quando saíram da loja. — Joe está louco para levá-Ia a um dos cassinos.
Durante o dia você pode usar qualquer roupa, mas à noite, e principalmente nos
cassinos, todo mundo costuma ir muito chique e com trajes da última moda.
Demi tinha levado dois vestidos de algodão, seu maiô, calças
jeans, algumas camisetas e um casaco para as noites mais frias, mas não havia
pensado em outros detalhes. Entretanto, não queria gastar mais dinheiro consigo
mesma e deixou isso bem claro.
Marian ficou espantada.
— Querida, eu adoraria gastar mais com você. Afinal, tenho
mais que o suficiente para viver. Seu marido, porém, não é da mesma opinião e
me deu instruções para mandar todas as contas para ele, sem deixar que você se
preocupe com os preços, claro! São palavras dele, não minhas. Estou tão feliz
por ele, Demi. Houve uma época em que pensei que nunca mais iria vê-Io sorrir.
Eu fazia uma ideia errada de você. Deixe-o pagar tudo para você se isso lhe dá
prazer, está bem? Você é uma pessoa de sorte! Há muitos maridos mesquinhos
espalhados por aí...
Como Demi acabou por confessar que não tinha trazido nada
especial para usar à noite, Marian a levou até uma pequena boutique.
A dona da loja estava elegantemente vestida de preto.
Marian lhe disse alguma coisa em francês.
— Muito bem, madame — disse ela num inglês carregado, depois
de olhar para Demi. — A senhora deseja parecer uma grande dama ou uma coquette?
Com esses olhos e cabelos tudo é possível!
— O que ela quer — interrompeu Marian — é um vestido bem
romântico, para sair com o marido de quem estava separada há três anos.
Demi ia falar alguma coisa quando a vendedora arregalou os
olhos e disse em francês:
— Querida, o que você quer é impossível! Você deseja
recuperar em uma noite o tempo perdido?
Marian riu.
— E a senhora vai arrumar o vestido adequado, não é?
A vendedora também sorriu, e Demi ficou sem entender.
— Talvez. Sentem-se, por favor. Verei o que posso fazer.
Ela se afastou por uns quinze minutos e, durante esse tempo,
Demi achou melhor ficar quieta. O silêncio durou pouco.
Marian disse calmamente:
— Se você quiser, nós podemos conversar mais tarde, Demi.
Antes de sua chegada, eu disse a mim mesma que a aceitaria pelo bem de Joe, mas
acho que já estou começando a gostar de você pelo que é. Tenho certeza de
que...
Quando a porta se abriu, Marian interrompeu a frase.
Demi ficou maravilhada ao ver o vestido que a vendedora
trazia. Era de tafetá preto, a saia tinha vários babados e a blusa era de renda
trabalhada, muito delicada.
— Experimente — disse Marian, olhando para o rosto de Demi.
O tafetá roçava delicadamente sobre sua pele. A cor escura
do vestido realçava a pele pálida e os cabelos loiros.
Quando ela saiu, hesitante, do provador para mostrá-Io,
Marian ficou admirada.
— Querida! — exclamou ela. — Você está encantadora!
— Eu sugeriria um pente cravado de strass para prender seus
cabelos — aconselhou a vendedora, puxando o cabelo de Demi para trás. — Ou
então algumas flores de cetim.
Antes que Demi pudesse pensar no preço, o vestido já havia
sido embrulhado, e elas estavam saindo da loja. Marian comentou:
— Minha querida, o vestido é lindíssimo e tenho certeza de
que valerá cada centavo aos olhos de Joe. Você não está com receio de que ele
fique zangado, não é?
O que realmente preocupava Demi eram as conclusões a que ele
poderia chegar quando a visse usando aquele vestido.
— Acho que vou guardá-Io até a noite para fazer-lhe uma
surpresa — disse, achando que talvez Marian fosse sugerir que Demi mostrasse
todas as compras logo que chegassem à vila. Ao ver a expressão de
desapontamento dela, Demi certificou-se de que suas suposições estavam certas.
E o sentimento de culpa por decepcioná-Ia aumentou ainda mais quando Marian
insistiu em comprar um conjunto para dar de presente a Nicky, e ela não
permitiu.
— Você não sabe o que representou para eu conhecer Nicky —
confidenciou-a quando já estavam voltando à vila. — Demi, Joe é o filho que
nunca tive, e Nicky... Bem, ele é a miniatura de Joe, e vê-lo me fez recordar
muitos momentos de felicidade.
— E receio que infelizes também — disse Demi, lembrando que
Joe lhe contara que seus pais tinham morrido no mesmo acidente que o marido
dela. — Você nunca pensou em se casar de novo? Pois devia ser muito jovem
quando... — Mordeu os lábios, temendo que pudesse tocar em alguma ferida, mas
Marian acariciou a mão dela e sorriu.
— Não se preocupe querida, você não está me aborrecendo. Eu
tinha trinta e dois anos quando Gérard morreu. Mas já estávamos casados há oito
e, apesar de não termos tido filhos, nossa união foi tão repleta de amor e
felicidade que eu nunca consegui pensar em casar novamente. Acho que você pode
compreender Demi... Quando se conhece o verdadeiro amor, é muito arriscado
tentar substituÍ-lo. Quase sempre não se tem sorte. A felicidade que dividi com
Gérard me manteve através de todos estes anos de viuvez. Eu tenho muitos
amigos, tenho Joe e Héloise, e agora tenho você e Nicky, portanto ainda sou
muito feliz!
A primeira pessoa que Demi viu quando saiu do carro foi Joe,
que tomava sol deitado ao lado da piscina. A segunda foi uma morena cheia de
curvas que estava passando bronzeador nas costas dele. O ciúme tomou conta de
Demi, que ficou paralisada, enquanto Marian passou correndo por ela, exclamando
com surpresa:
— Ashley, pensei que você estivesse em Paris!
A morena jogou mais bronzeador nas costas de Joe e
espalhou-o com movimentos sensuais.
— Pois é eu não fui. Como senti muito calor e não tinha nada
para fazer, lembrei-me de você e da sua piscina e resolvi me distrair um pouco
— disse ela, com relutância.
— E eu que pensei que a atração fosse eu, hein? — brincou
Joe, virando-se para poder olhar Demi.
Comparada com a garota francesa, com seu minúsculo biquíni
vermelho, Demi se sentiu pálida e desajeitada. A blusa estava grudando nas
costas e a saia de algodão de repente parecia infantil e antiquada. .
— Ashley, venha conhecer Demi, a esposa de Joe — disse
Marian, e Demi percebeu que aquele tom de voz soou como um aviso para a outra.
Será que Marian pensava que Ashley tentaria provocar Joe, e que ele, incapaz de
resistir aos encantos, acabasse cedendo?
Mesmo que Ashley não tentasse flertar com seu marido, jamais
poderiam ser amigas, decidiu Demi. A garota francesa parecia daquele tipo de
mulher exibicionista e desinibida, capaz de fazer amor com qualquer um, e seus
olhos brilharam quando Joe se levantou para estudar o rosto abalado de Demi.
— Espero que você tenha seguido minhas instruções — ele
disse suavemente.
— Que é isso, chérie? — perguntou Ashley, provocante. — Que
instruções você deu à sua esposa?
— Que ela comprasse um biquíni bem sexy — brincou Joe,
deixando Demi mais sem graça.
Ashley mostrou-se espantada.
— Ao contrário de nós, franceses, os ingleses são muito
puritanos, não? Imagine! Se eu fosse casada com um homem como você, a primeira
coisa que eu dispensaria seria o biquíni. — Ashley riu. .
Demi sentiu-se ofendida. Ashley estava seduzindo Joe na
frente dela, e ele, como todos os homens, estava completamente envolvido.
Olhou-o com ressentimento, suspirando quando ele se virou para ela,
compreensivo.
— Entretanto, veja Ashley, minha esposa sabe que eu gosto de
descobrir sua beleza por mim mesmo, devagarinho, especialmente quando ela está
tentadoramente vestida dos pés à cabeça para que eu possa explorá-Ia —
acrescentou ele, pousando os olhos demoradamente nos quadris de Demi, como se a
estivesse despindo mentalmente.
Demi ficou novamente corada. E nesse momento prometeu a si
mesma jamais usar o biquíni verde na presença de Joe.
Ela sentiu-se aborrecida quando descobriu que Ashley iria
ficar na vila.
— É bem típico dela convidar-se para ficar por aqui
-comentou Marian enquanto almoçava com Demi. Comiam pão fresco com patê feito
em casa, quando Nicky se sentou entre elas para tomar um lanche. Ashley
convenceu Joe a acompanhá-Ia até Nice para fazer algumas compras e, apesar de
Marian ter sugerido que François, o jardineiro e motorista, a levasse, a garota
insistiu dizendo que preferia ir com Joe.
— Você não se importa em me emprestar seu marido por algumas
horas, não é? — perguntou Ashley a Demi. — Afinal, nós somos amigos íntimos há
tanto tempo! Além disso, Joe me disse que você passa a maior parte do tempo
cuidando de Nicky... Para dizer a verdade, acho as crianças maçantes.
Amigos íntimos! Sem dúvida ela quisera dizer amantes, pensou
Demi com amargura. Joe haveria se queixado dela para Ashley?
O sol estava quente, e Demi levou Nicky para dentro.
Ele contou-lhe, animadíssimo, que o pai o estava ensinando a
nadar. Demi procurou prestar atenção, porém estava distante e só conseguia
pensar em Joe e Ashley juntos.
Quando Nicky subiu para dormir, ela foi procurar Marian, mas
Héloise disse-lhe que ela costumava descansar à tarde.
— Ashley sabe disso — disse Héloise com firmeza. — É por
isso que você está aí sozinha enquanto aquela leviana tenta roubar seu marido!
— Eu não me importo — disse Demi sem convicção. Acho que vou
tomar um pouco de sol. A cor de Ashley me deixou com inveja.
— Sua pele é muito clara e delicada e, se não tomar cuidado,
poderá se queimar seriamente — preveniu Héloise.
Aceitando o conselho, Demi pegou um bronzeador e colocou seu
maiô preto. Levou também uma saída de banho para cobrir-se se fosse necessário.
Ela passou o bronzeador pelo corpo e deitou-se de costas,
tentando relaxar. Pouco depois já estava dormindo.
O toque suave de alguém mexendo em seus ombros a acordou, e
ela olhou sonolenta para Joe.
— Onde está Ashley? — perguntou, procurando pela francesa.
— Ela ainda está fazendo compras — respondeu Joe, com um tom
seco. — Eu me cansei e vim embora. Quando ela terminar, telefonará para que
François vá buscá-Ia. Eu preferi voltar para ver a minha linda esposa.
— Pare! — gritou Demi. — Só nós dois estamos aqui e não há
necessidade de encenação romântica.
Ele brincava com a alça do maiô, e ela se afastou irritada,
olhando-o furiosamente quando Joe recomeçou a falar:
— O que é isso? Alguma relíquia da época de estudante? Eu
não lhe disse para comprar algo mais moderno?
— O problema é meu se não quero me expor como sua
"amiguinha íntima" Ashley.
— É o que veremos!
Antes que ela pudesse adivinhar as intenções dele, Joe
pegou-a no colo, ignorando seus protestos. Levou-a para o quarto, onde a colocou
na cama e segurou-a com um braço, enquanto com o outro remexia nas compras que
ela deixara sobre a cama. Ele deu um sorriso irônico quando viu um pacote, onde
deveria estar o biquíni.
— Se não me engano, acho que aqui vou encontrar o que
procuro. Tia Marian deve ter seguido minhas instruções mesmo contra a sua
vontade.
Ele deu um sorriso de satisfação quando pegou o minúsculo
biquíni e isso deixou Demi furiosa.
— O que pretende fazer? Você está querendo me transformar
numa mulher vulgar?
Ela deveria ter mordido a língua quando disse isso;
entretanto, em vez de ficar zangado, Joe observou-a com sarcasmo.
— Isso nunca, querida. O que pretendo fazer, querida
puritana, é transformá-Ia numa mulher quente, vívida e adorável, que não se
envergonhe de sua sexualidade nem da minha apreciação.
Por um momento ele correu os olhos pelo corpo dela e Demi
tremeu quando Joe levantou-a, colocando-lhe o biquíni nas mãos, antes de abrir
a porta do banheiro.
— Você tem cinco minutos, enquanto eu fico de costas, para
colocar esse biquíni! Depois disso, se não estiver com ele, eu mesmo o
colocarei em você e garanto que vou adorar o passatempo.
Ela demorou quatro minutos e, quando estava pronta, pensou
que não conseguiria encarar Joe com aquela peça minúscula e sexy.
— Muito bem — disse ele, caminhando em direção à porta. —
Ótimo! — Novamente mediu-a de cima a baixo, aprovando o corpo esbelto. — Este
também tem laços!
— Não se atreva! — exclamou Demi, com ansiedade, recuando.
Ela não queria se olhar no espelho quando entrou no quarto,
porque já sabia que o biquíni era sumário demais.
Eles foram para o sol, e Demi deitou-se de costas, fechando
os olhos, decidida a ignorar o barulho da calça e da camisa de Ken sendo
jogadas no chão a seu lado.
— Você passa o bronzeador nas minhas costas? —perguntou ele.
Demi se virou e respondeu:
— Se você insiste, embora ache que não consiga fazê-lo com a
mesma habilidade que Ashley.
— Com ciúme?
— Claro que não! — Ela colocou o creme na palma das mãos e
massageou com firmeza as costas bronzeadas de Joe, tentando não ficar excitada
quando os músculos dele relaxavam sob seu toque.
— Hum... Agora nas minhas pernas — murmurou Joe.
Ela quis recusar, mas, em vez disso, colocou o creme sobre
as pernas de Joe, esfregando com mais força: Sabia que a intenção dele era
perturbá-Ia com a visão daquele corpo másculo, e o pior de tudo é que estava
conseguindo. Demi, porém, estava determinada a não demonstrar qualquer reação.
— O resto você pode fazer sozinho — disse ela, tampando o
pote.
Quando ele se levantou da espreguiçadeira e se deitou ao
lado dela, Demi começou a tremer.
— Um pouco forte demais, mas muito agradável. E agora,
querida, é a sua vez!
Como seria inútil protestar, ela nem tentou, procurando
ficar calma enquanto as mãos dele corriam pelo seu corpo.
Apenas uma vez, quando os dedos se aproximaram dos laços
provocantes que prendiam o biquíni, Demi se moveu, mas Joe a ignorou e
continuou:
— Aqui não — disse ele, quando ela o olhou. — Esse é um
prazer que quero reservar para mais tarde...
— Não haverá mais tarde! E por favor, pare de me machucar!
— Machucá-Ia? Pelo amor de Deus, Demi, às vezes você me
provoca, mas desta vez vou tentar ignorar.
— Uma briga de amantes! — exclamou Ashley.
Nenhum dos dois ouvira Ashley se aproximar. Ela olhou
docemente para Joe, embora não conseguisse esconder a raiva quando percebeu o
corpo bem-feito de Demi.
— Esta noite você precisa me levar ao cassino, chéri—pediu
ela a Joe. — Sinto que hoje é meu dia de sorte!
— Então iremos ao cassino — concordou Joe. — E levaremos
Marian conosco.
Ashley ficou emburrada.
— Tia Marian não gosta de cassinos.
— E acho melhor não contar comigo — disse Demi
descuidadamente. — Nicky...
— Ele ficará muito bem com Héloise — Joe falou, suave.
— Realmente, chéri! — interferiu Ashley com rispidez. — As
inglesas são estranhas! Eu jamais largaria meu marido por causa de um garoto!
— Nem mesmo quando esse garotinho é filho de seu marido? —
perguntou Demi calmamente e com um frio desprezo. — Por favor, me desculpem.
Nicky deve estar acordado e não quero que se sinta sozinho. Ele pode ficar
assustado.
Por um momento, ela pensou ver aprovação no olhar de Joe,
mas logo ele se virou para Louise, admirando-a. O que ele estava tentando
fazer? Provar que achava Ashley uma bonita mulher? Demi disse a si mesma que
não se importava, mas não era verdade; ela estava sofrendo, e muito.
Demi vestiu-se sem entusiasmo, olhando insegura para o seu
reflexo no espelho. Quando ela resolveu tirar o vestido preto, Joe entrou no
quarto.
— Não me diga que foi você quem escolheu! — exclamou ele,
com um sorriso.
Cheio de incerteza, Joe passou os dedos pelas flores de
cetim que ela havia colocado nos cabelos.
— Você não gostou? .
Ele a estudou criticamente antes de responder:
— Acho que qualquer homem adoraria.
O corpete fino moldava o busto. O tecido preto ficava
perfeito sobre a pele clara de Demi, e a cintura delgada destacava-se pela saia
rodada. .
— Eu ia ler um pouco para Nicky — disse ela, nervosa,
enquanto ele não desviava os olhos de seu corpo.
— Nicky tem sorte! Espere por mim, vou trocar de roupa e
poderemos descer juntos para o jantar.
Nicky arregalou os olhos quando a viu, e Demi riu quando ele
gostou do perfume que ela estava usando. Um dia ele seria tão másculo quanto o
pai e admiraria as mulheres bonitas, assim como Joe.
Nicky tinha acabado de dormir quando Joe entrou no quarto.
Ele estava vestido com traje a rigor, a calça preta e justa fazendo com que
parecesse mais alto, e a camisa branca e o paletó dando-lhe um toque de
elegância indiscutível. Ele beijou o filho, que o abraçou mesmo sonolento.
Nicky agora tinha um pai, e era impossível negar o grande
amor que um sentia pelo outro. Todas as frases que Nicky dizia pareciam começar
com as palavras "Papai disse". Seria fácil ficar com ciúme, admitiu
Demi, mas sentia-se aliviada ao ver que algo de bom tinha surgido desse
frustrado casamento.
Ao ver Demi, Ashley fez uma expressão que denotou inveja.
Ela estava usando um vestido vermelho de cetim, que salientava suas curvas
sensuais.
Como eles iam sair, Héloise preparou apenas uma refeição
leve. Estava deliciosa, e Demi tomou dois copos de vinho antes de perceber que
a haviam servido novamente. Não fiz bem em beber, refletiu ela um pouco tonta
ao se dirigir para o carro. Marian insistiu para que Ashley a acompanhasse em
outro carro, deixando Demi e Joe sozinhos.
Quando desceram pelo Grande Comiche, a cidade brilhava
abaixo deles, o azul-escuro do Mediterrâneo decorado com iates caríssimos que
eram adornados com luzes multicoloridas.
Joe estacionou junto ao porto, e eles passaram pelo
brilhante conjunto de embarcações antes de se afastarem da costa. Ele pegou' o
braço de Demi para conduzi-Ia pela rua. O leve contato provocou-lhe desejos
loucos e difíceis de serem sufocados.
O cassino estava barulhento e cheio de gente. Demi olhou as
mesas com espanto e aterrorizada só de pensar que alguém pudesse perder grandes
somas com tanto sangue-frio.
Ashley sorriu para ela com ar de superioridade. Ela e Marian
estavam esperando pelos dois no salão de recepção e, logo que entraram, Marian
foi vista por um grupo de velhos amigos que ficaram felizes em encontrá-Ia e
ansiosos para que ficasse na companhia deles.
— Você vai dançar comigo, não vai? — pediu Ashley a Joe. —
Nós sempre dançamos tão bem juntos... Como tudo o que fazemos... Que sintonia
perfeita, hein?
— Você está esquecendo que agora sou casado e devo dançar
apenas com minha esposa — disse Joe secamente.
Ele comprou um monte de fichas e deu algumas para Demi. Ela
seguiu as instruções dele cuidadosamente, mas logo a pequena pilha desapareceu.
— Você não é uma boa jogadora — comentou Ashley, com desdém.
— Deveria ter apostado tudo num único número.
— Demi é muito equilibrada para jogar tudo ou nada. — Seu
sorriso zombeteiro feriu Demi profundamente. — Mas estou tentando ensiná-Ia,
pacientemente...
Demi queria beber alguma coisa e, quando Joe se voltou para
chamar um garçom, eles foram separados pela multidão animada. Uma sensação de
pânico apoderou-se de Demi quando ela o procurou ansiosamente; as pessoas
pareciam pressioná-Ia tanto que ela chegou a sentir-se sufocada.
Finalmente pôde ver Joe. Ele estava de costas para ela, com
Ashley nos braços.
Quando ela conseguiu alcançá-Ios, o sorriso da morena era
triunfante.
— Eu quase caí, e Joe precisou me segurar, o que ele fez com
muita elegância — acrescentou ela, beijando Joe levemente nos lábios.
Algo explodiu dentro de Demi. Ela quase tinha sido esmagada
pela multidão, e Joe preocupou-se somente em evitar que Ashley caísse!
— Está muito abafado aqui dentro — disse ela friamente.
— Vou sair para tomar um pouco de ar. Encontrarei com você
no carro quando estiver pronto para irmos embora, Joe.
Demi saiu antes que qualquer um dos dois tivesse tempo de
falar.
Ela tentava conter as lágrimas com as mãos, procurando
respirar fundo aquele ar fresco e ouvindo o mar. Tinha acabado de atravessar a
rua quando Joe a segurou pelo braço.
— O que está acontecendo com você? — perguntou, com raiva. —
Sua tola! Nem mesmo olhou para atravessar a rua!
— Talvez eu esteja cansada de olhar — disse Demi, furiosa. —
Especialmente para você e Ashley. Por que você não volta para ela? Tenho
certeza de que ela conseguirá satisfazê-Io melhor do que eu em todos os
sentidos...
— Você está esquecendo apenas de que não foi ela quem gerou
meu filho — disse Joe suavemente.
— E é essa a única razão por termos casado! Desejo que você
se lembre disso e pare de me atormentar com esse amor fictício. Procure Ashley,
vamos! Tenho certeza de que ela ficará muito grata e satisfeita.
— Sei disso. Porém já tracei minha meta e não quero desistir
dela antes de alcançá-Ia.
Eles estavam perto do carro, e Joe abriu a porta. Demi
entrou, ignorando-o e amarrando o cinto de segurança.
A estrada íngreme conduzia para fora da cidade, deixando o
mar embaixo. O caminho estava deserto, e Joe de repente parou o carro.
— O que você está fazendo? — perguntou Demi, com frieza, quando
ele se aproximou.
Joe a abraçou, sufocando-a com violência. Depois, com a voz
muito seca, murmurou enigmaticamente:
— Apenas colocando em prática uma pequena teoria.
Os lábios dela se abriram com irritação, tremendo sob a
forte pressão daquela boca úmida. Mas Joe queria sentir toda a doçura daquele
beijo. Algo havia abalado o autocontrole de Demi. A cena do cassino a tinha
deixado insegura e desprotegida, e ela desejava ardentemente colocar os dedos
entre os cabelos dele e pedir-lhe que a levasse a um lugar onde nada existisse
além dos dois, onde pudesse esquecer que Joe realmente não a amava.
O beijo tomou-se mais apaixonado, e ela suspirou,
empurrando-o subitamente ao lembrar como ele havia segurado Ashley.
Joe a deixou e ligou o motor do carro. Demi não conseguia
decifrar a expressão que havia no rosto dele. Ela mesma estava desapontada?
Recusava-se a pensar nessa possibilidade! Era degradante querer ser possuída por
um homem que procurava apenas satisfazer os próprios instintos animais. Além
disso, talvez Ashley já o houvesse satisfeito plenamente.
Demi mal percebia o esplendor do ambiente. Eles estavam
voltando para a vila sozinhos e agora, embora fosse tarde, ela lamentava não
ter esperado pelas duas outras mulheres.
Joe brinca comigo o tempo todo, pensou com tristeza, e
talvez coloque em prática as ameaças só pelo prazer de me punir.
Na noite passada, após terem feito amor, ela havia
adormecido imediatamente; naquela noite, porém, deitada ao lado dele, ciente
daquela presença perturbadora, tinha certeza de que não conseguiria conciliar o
sono...
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