Jemi - Amarga Traição
CAPITULO I
Demi Lovato entrou no escritório do Daily Globe carregando
uma bandeja com duas xícaras, um bule de chá, leite e açúcar. Abriu a porta de
sua sala e viu um casaco masculino jogado na cadeira. Doug Simons, seu chefe,
sempre recebia visitas, mas as pessoas que freqüentavam o escritório não usavam
casacos tão bem talhados e caros como aquele. Demi colocou a bandeja sobre a
mesa e notou que a porta que dava para a sala de Doug estava entreaberta.
— E claro que depois de ter trabalhado no Telegraph você não
encontrará dificuldade por aqui — ele falava.
— Está querendo me dizer que eu poderia ter algum tipo de
problema?
— Estou me referindo a Demi.
— Demi?
— Minha secretária — acrescentou Doug. — Agora, sua. No
começo talvez lhe dê um pouco de trabalho... Até que ela se acostume com você.
— Talvez me dê trabalho? Meu Deus, não é de admirar que suas
vendas estejam caindo! Você permite que sua secretária lhe dê ordens?
Ao ouvir essas palavras insolentes, Demi sentiu vontade de
entrar na sala de Doug e exigir que lhe explicasse por que achava necessário
dizer a seu substituto que ele poderia ter "problemas". Afinal, ela
era a secretária mais eficiente daquele lugar!
Demi estava de férias quando soube da promoção de Doug, e,
ao voltar, encontrou o jornal em grande agitação.
Doug deveria partir apenas três dias após a chegada de seu
substituto. Desde que um grupo de americanos comprou o Globe, o corre-corre
virou uma constante, e Demi nem se surpreendeu quando ficou sabendo que o novo
chefe viria da Europa. Ela não gostava de americanos, pois em sua opinião
costumavam ser impetuosos e mandões e, o que era pior, nunca aceitava um
"não" como resposta.
Doug não tinha o direito de falar daquela forma!
— Por acaso ela é alguma bruxa histérica? — perguntou o
outro homem com sarcasmo.
— Nada disso! Pelo contrário, tem o corpo mais bem-feito que
já vi. Mas ai do pobre diabo que tentar tocá-Ia! Demi tem pavor dos homens. Não
quer vê-Ios nem pintados! Sério! Deve ser algum trauma de adolescência.
— Você quer dizer que por causa de uma paixão que não deu
certo ela agora sente ódio mortal dos homens? Pelo amor de Deus, o que é isto,
Doug, já estamos no século XXI!
— Bem, algumas pessoas levam tudo a sério demais! Estou lhe
avisando só para facilitar as coisas! Ela é a melhor secretária que já tive, dá
um duro danado e é muito eficiente.
— Até pode ser. Mas se precisa ser tratada com tantos
cuidados, acho que está no lugar errado.
Nos últimos meses tinha havido mudanças no jornal, e Demi
ficou apavorada com a possibilidade de ser despedida. Não podia nem pensar
nisso. Dependia muito do emprego, pois, além de ganhar bem, seu chefe era muito
flexível com relação ao horário que ela fazia. Porém Doug estava indo embora e
agora ela trabalharia para um homem que já detestava antes mesmo de conhecer.
O intercomunicador tocou, e ela atendeu com frieza.
— Demi, você poderia vir aqui um minuto? — pediu Doug. — Há
alguém que eu gostaria que conhecesse.
Ela se levantou, pegando o bloco de anotações e o lápis,
como costumava fazer. De pequena estatura, Demi tinha longos cabelos pretos, um
rosto oval e grandes olhos castanhos. Sua pele era clara e macia, e as feições,
muito delicadas. Só se percebia a amargura em seu olhar quando um homem tentava
ofendê-Ia sexualmente. Com vinte e três
anos, era dona de uma tranqüilidade comum a mulheres dez
anos mais velhas do que ela. "Fria e insensível" eram dois dos
insultos que homens frustrados já haviam lhe dirigido, mas, ao contrário de
ofender, eles eram até lisonjeiros. No tocante aos homens, suas emoções estavam
enterradas, deixando transparecer, às vezes, um sentimento de profundo rancor.
Apesar disso, Doug admirava sua secretária. Fria e calma quando surgia uma
emergência, era a pessoa ideal para enfrentá-Ia. Todos os dias trabalhava das
oito às dezoito horas e, se necessário, ficava durante o horário de almoço ou
até depois do expediente. Em compensação, quando tinha algum problema, Doug
mostrava-se sempre compreensivo.
As colegas de Demi brincavam dizendo que ela vivia só para o
jornal, sua verdadeira família.
Ao abrir a porta, seu chefe lhe sorriu. Tinha cerca de
cinqüenta anos, muita energia e trabalhava em jornais desde que havia se
formado. Ele e Demi sempre se deram bem, ou pelo menos era o que pensava até
ouvi-Io falar tão abertamente sobre ela. Bem casado, Doug nunca representou
ameaça à sua paz de espírito.
Ela lhe retribuiu o sorriso, mas seus olhos continuaram
claros e frios como vidro.
O outro homem permaneceu de costas para ela, parecendo não
notar sua presença. Tinha os cabelos escuros e espessos, cortados na altura do
colarinho da camisa.
— Joe, apresento-lhe sua nova secretária, Demi. Demi... Joe
Jonas.
— Demi? — Ele se virou, mostrando-se assustado. Embora
aterrorizada, Demi tentou não demonstrar o que sentia. Deixe que ele pense o
que quiser! Mas um rápido olhar foi suficiente para perceber que ele não havia
mudado em nada. Aquele rosto de traços másculos continuava ainda bastante
perturbador. A pele dele estava bronzeada, os cabelos um pouco mais longos e a
roupa mais formal.
— Joe precisará de toda sua ajuda até que consiga se
adaptar, Demi— disse-lhe Doug, desconhecendo o que ocorria à sua volta. — Vou
apresentá-Io aos outros editores e depois iremos almoçar. Qualquer coisa
urgente fale com Phil, está bem?
Phil Masters era assistente de Doug, um escocês alto, forte,
ruivo e bem-humorado.
Joe estendeu a mão para ela com uma expressão de desprezo e
indiferença que acabou se transformando em irritação quando automaticamente
Demi se afastou.
Com Doug por perto ela não podia fazer uma cena, mas o toque
daqueles dedos frios em sua pele a fez estremecer.
E isso era apenas o começo...
Quando Demi voltou para sua sala, Joe murmurou algo para
Doug e a porta foi fechada. O medo que ela pensava não existir mais reapareceu.
— Há quanto tempo Demi trabalha para você? — perguntou Joe,
por acaso, enquanto Doug pegava o casaco.
— Há mais ou menos dois anos e meio. A melhor secretária que
já tive. Pelo visto você a conhecia, não?
— A princípio pensei que sim. Ela me pareceu uma daquelas
mulheres sedutoras que acabam envolvendo os homens só para depois sentir prazer
em dispensá-los.
Doug não disse nada. Afinal, o que quer que tivesse havido
entre Demi e Joe não era problema dele. Entretanto, pôde perceber que os dois
não se entenderiam bem daquele momento em diante.
Ambos saíram do escritório e passaram por Demi, que observou
o rosto indiferente de Joe. Depois, ela voltou a olhar para a máquina de
escrever e ficou tentando imaginar uma maneira de não pôr mais os olhos em Joe
Jonas.
Não havia saída, a não ser que ela desistisse do emprego;
coisa impossível, já que precisava de cada centavo daquele salário. Fechou os
olhos e subitamente estremeceu de frio.
A porta do escritório foi aberta, e Demi ficou tensa e
pálida, esperando pelo pior, mas era apenas Taylor Lautner, um dos
subeditores. Costumavam comentar no Globe que, enquanto ela tratava com frieza
todos os homens, Taylor era seu único acompanhante masculino.
— Algum problema? — perguntou ele, fitando-a.
Doug costumava referir-se a Taylor como o "cãozinho de
estimação" de Demi. Ele era nervoso e introspectivo, e os outros
freqüentemente riam dele quando não estava por perto. Certa vez havia
confidenciado a Demi que gostaria de ser pintor, mas que seus pais se opuseram na
época.
Tinha quase vinte e cinco anos, cabelos escuros e finos e
suaves olhos castanho-claros. Havia sido abandonado pela esposa duas semanas
após o Natal e agora, passados três meses, ainda esperava que ela voltasse.
— Quer almoçar comigo ou você tem outro compromisso? —
perguntou Taylor.
Ela não tinha nada de urgente para fazer e nem estava com
fome, mas não podia ficar no escritório pensando em Joe Jonas.
Para sua surpresa, Taylor a levou até um novo restaurante,
que tinha se tornado o ponto de encontro dos funcionários do Globe.
No restaurante só havia duas mesas vagas, uma de seis
lugares e outra de dois, onde acabaram sentando. Como de costume, Taylor levou
uns cinco minutos para escolher o prato, ao contrário de Demi, que fez seu
pedido imediatamente.
Quando começaram a comer, a mesa de seis lugares ao lado foi
ocupada. Demi sentia que a examinavam, mas recusava-se a olhar. Nesse instante,
Taylor se voltou para lhe dizer alguma coisa e derrubou o copo de vinho sobre a
saia de lã creme dela. Demi se levantou, tentando limpar a saia, e ao sentar-se
viu que os ocupantes da outra mesa eram Doug, Joe e quatro outros editores do
jornal.
— Sentem-se aqui — convidou Doug, chamando um garçom para
juntar as mesas.
Demi desejou que Taylor recusasse, o que não aconteceu.
Logo em seguida ela se viu sentada entre Doug e Joe,
enquanto Taylor havia se acomodado do lado oposto, próximo a Taylor Swift, uma
das editoras.
Taylor e Demi nunca tinham sido muito amigas. Taylor era uma
mulher de carreira e não fazia segredo da atração que sentia pelo sexo oposto.
Comentava-se que ela conhecia intimamente todos os homens atraentes do Globe,
e, vendo a maneira como olhava para Joe Jonas, Demi não teve dúvida de que ele
logo entraria na lista. Virando-se para Joe, Taylor comentou:
— Há séculos que tento encontrá-lo. Você era uma celebridade
por aqui, mesmo depois de ter ido para os Estados Unidos. .
Desde o instante em que Demi havia visto Joe no escritório
de Doug, sabia que esse momento desagradável chegaria. Parecia ironia que depois
de tanto tempo de pesadelo o
confronto acontecesse quando ela achava que tudo tinha terminado.
— O caso Myers — continuou Taylor — fez história no jornal.
É o tipo de furo com que todos os jornalistas sonham. Enquanto o resto da
imprensa especulava para que parte do mundo James Myers teria ido, você
conseguiu descobrir que ele estava aqui o tempo todo, fazendo-se passar pelo
namorado da irmã.
— O caso Myers? — perguntou Doug. — Não era aquele
financista trapaceiro que todos diziam haver economizado milhões?
— Sim. Não foi um caso muito agradável — disse Joe
friamente. — O homem entregou-se a uma espécie de roubo legal durante anos, mas
deu uma escorregada fatal e foi descoberto. Todo mundo sabia o que estava
acontecendo, mas ninguém conseguia provar, e, antes que a polícia pudesse
formular uma acusação contra ele, surgiu o rumor de que tinha deixado o país.
— Só você não acreditou na viagem dele — comentou Taylor,
admirada. — Como descobriu a verdade? Segundo a opinião geral, ele era quase um
mestre em disfarces e ficou andando livremente de um lado para o outro durante
semanas.
— É verdade. Ele pretendia deixar o país depois que as
coisas esfriassem um pouco. Tive sorte.
— E uma ótima informante, se os boatos foram verdadeiros —
disse Taylor, rindo. — Você conseguiu a maioria dos detalhes para sua história
com a companheira de apartamento da irmã de Myers, não é verdade?
— Eu nunca revelo as minhas fontes.
Demi notou que Doug estava muito impressionado por essa
aparente demonstração de lealdade, e se sentiu incomodada ao perceber os olhos
de Joe sobre si; não importava que ele fingisse para os outros, ela sabia a
verdade!
— Nesse caso você não precisa revelar — disse Taylor. — Eu
gostaria de saber o que aconteceu com aquela garota. Até se pensou que ela
fosse cúmplice.
— Cúmplice? Mas... — Joe se deteve, e Demi observou o abalo
momentâneo com amarga satisfação.
— Certamente você sabe — comentou. Taylor.
— Como editor de um jornal é preciso saber e não
simplesmente ir admitindo o que parece óbvio — respondeu Joe.
— Foi uma reportagem muito inteligente — observou Doug,
entrando na conversa.
— Inteligente? — Demi retrucou sem conseguir esconder o ódio
em sua voz. — É o que todos vocês pensam? Que é inteligente destruir a vida de
alguém apenas para conseguir uma história de primeira página? Bem, eu não penso
assim. Acho esse tipo de atitude desprezível, abominável! — Ela parou,
percebendo que os outros trocavam olhares perplexos.
— Vamos, amor, você não acha que está levando isso para o
campo pessoal? — comentou um dos homens.
Por alguns instantes Demi ficou pensativa.
— Algo errado, Demi? — Ken deu ênfase ao nome dela. — Parece
que você não está gostando do almoço.
— O almoço está ótimo, mas, se vocês me permitem, eu tenho
muito trabalho a fazer — respondeu, levantando-se.
Ela havia se afastado bem pouco da mesa quando ouviu Demi
exclamar com triunfo:
— Devonne Walker, este era o nome da garota!
Demi ficou gelada. O medo tomou conta de seu corpo, e ela
começou a suar frio.
— Devonne Walker — Joe repetiu, e Demi sabia, mesmo sem
olhar para trás, que ele a observava.
Foi com esforço que conseguiu voltar ao escritório e sentar,
pois sua vontade era apanhar o casaco e sair antes que Doug e Joe regressassem.
Pegou a lista telefônica e discou o número de uma conhecida
agência de empregos. A garota que atendeu foi prestativa, mas informou que
talvez levasse meses até que pudesse encontrar uma colocação que fosse tão bem
remunerada como a sua atual.
De repente, a vida de Demi havia se transformado num
terrível pesadelo. Devonne Walker... Quando deixou esse nome, livrou-se também
do passado... Pelo menos durante todo aquele tempo tentou se convencer disso.
Havia muitas recordações ainda vivas! Mudou de nome depois que as atenções dos
jornais se tornaram insuportáveis. Era irônico que ela agora trabalhasse para
um jornal, mas fora mais por necessidade que por vocação. Precisava de um
emprego onde pagassem bem e de patrões que estivessem dispostos a contratá-Ia
sem se aprofundarem muito em seu passado. Isso ela encontrou em Doug no Daily
Globe.
Ainda se sentia mal ao pensar em como tinha sido tola
confiando em Joe Jonas. Encontrou-o pela primeira vez no apartamento que
dividia com Ashley Myers. Ele havia ido até lá para entrevistar Ashley para um
artigo da coluna social.
Demi e Ashley tinham crescido na mesma cidadezinha.
Ashley era a filha mimada do dono de quase toda a cidade,
Sr. Arthur Myers, e Demi a conheceu por intermédio de seu pai, que era o médico
da família Myers. Haviam freqüentado a mesma escola, mas não eram muito amigas.
Foi somente com a morte do pai e da mãe de Demi, com o
intervalo de apenas seis meses entre um e outro, que elas acabaram se
aproximando.
O pai de Demi não era rico. Tinha alguns investimentos e a
casa que ela vendeu, após a morte dele, seguindo as instruções do advogado.
Pretendia ir para a universidade, mas, tendo medo de gastar o pouco dinheiro
que possuía, decidiu investir e freqüentar um curso de secretariado. Foi então
que Ashley Myers sugeriu que elas dividissem o apartamento. Ashley não
pretendia seguir a carreira de secretária; suas ambições nunca foram tão
modestas. Os pais lhe pagaram um curso de manequim, do qual ela saiu insinuante
e sexy, e o trabalho ocasional como modelo mais a mesada lhe deram um estilo de
vida bem diferente do de Demi.
Bem antes de terminar o curso, Demi já estava arrependida de
morar com Ashley. Não concordava em participar das festas noturnas, bastante
freqüentes, e sentia-se constrangida com os encontros amorosos dela. Mas, como
pão podia arcar sozinha com as despesas de um apartamento, era obrigada a
suportar tudo aquilo.
Conhecia James Myers apenas de nome. Susan era filha do
segundo casamento de Sr. Arthur e, embora se vangloriasse do sucesso do
meio-irmão, nunca o levara ao apartamento. Demi não fazia questão de
conhecê-Io, pois não gostara das informações que os jornais tinham dado a
respeito dele. Mas quando a história explodiu, ninguém acreditou que ela fosse
totalmente inocente, e a única pessoa que podia confirmar isso não o fez.
Joe deve ter ficado satisfeito por não encontrar Ashley
naquela noite. Demi disse-lhe que ela demoraria a chegar, mas ele não
demonstrou a menor pressa em ir embora. Eles conversaram bastante e, pela
primeira vez desde que seus pais tinham morrido, ela não se sentiu
completamente sozinha. Quando Joe a convidou para sair, não hesitou em aceitar
e nem suspeitou que as perguntas dele tivessem outro interesse como objetivo.
Certa noite, ele a levou para jantar e, quando voltaram,
encontraram Ashley e o novo "namorado" no apartamento.
Os jornais diziam que James Myers era um verdadeiro mestre
em disfarces e certamente nunca passou pela cabeça de Demi que aquele rapaz
fosse o irmão de Ashley. Ele ia freqüentemente ao apartamento, e os dois sempre
se trancavam no quarto dela. Qualquer coisa que porventura Joe tenha lhe
perguntado a respeito de Susan e do "namorado", Demi inocentemente
deve ter lhe respondido. Foi ela quem lhe informou, por exemplo, que Ashley
estava de partida para o exterior, para fazer um trabalho corno modelo, sem ao
menos sonhar que se tratava apenas de urna cobertura para que James Myers
pudesse sair do país com passaporte e documentos falsos.
Naquela noite, lembrava-se bem, Joe fora bastante amoroso.
Eles saíram da cidade e passaram para beber um suco num barzinho às margens do
Tâmisa. Fazia calor, e ela estava usando uma camiseta de malha fina e urna
bonita saia de algodão. De repente, Joe passou um dos dedos pelo decote da
camiseta, tocando-a nos seios e deixando-a muito excitada.
Como podia alguém tão atraente se interessar por ela? No
carro, ele a puxou para junto de si com uma intimidade que fez com que
estremecesse. Nem por um momento Demi teve dúvidas do que estava sentindo.
Quando Joe a beijou, ela correspondeu, confiando completamente nele.
Voltaram ao apartamento em silêncio. Foi então que tudo
aconteceu... O corpo de Demi estava leve e seus olhos cheios de amor quando ela
o encarou. Mais tarde, se lembraria de como Joe havia estacionado o carro e
dito apaixonadamente: "Não me olhe assim..." Que tola tinha sido ao
pensar que, olhando-o daquele jeito, ele não seria capaz de se controlar! Se
soubesse! Durante todo o tempo Joe fora um ótimo ator, frio e calculista,
manipulando-a como uma marionete.
O apartamento estava vazio. Ashley tinha ido visitar a
família no fim de semana, pois seu pai não estava passando bem.
Joe tomou Demi nos braços, beijando-a com uma paixão que a
deixou indefesa. Ela se recordava de ter protestado, dizendo que ia fazer café,
mas Joe sorriu e lhe falou que tinha outros planos em mente.
A mão forte escorregou para dentro da camiseta e começou a
acariciar os seios dela. Quando Joe abaixou a alça e beijou a pele que antes
havia percorrido com suavidade, Demi estremeceu.
— Você é linda — disse ele ao mesmo tempo em que a despia.
Ela sabia que não estava agindo certo, mas os argumentos que
tinha eram pouco convincentes. Como poderia ser errado aquilo que sentia em
relação a Joe? Tudo era maravilhoso...
Demi não se lembrava de como foram para o quarto, mas
recordava claramente do calor do corpo de Joe contra o seu; da sensação
diferente que a masculinidade dele provocava a cada novo toque; da necessidade
que crescia e se espalhava por todo seu corpo, deixando-a trêmula de tanto
desejo.
O pensamento de posse não a amedrontou, as maneiras suaves
de Joe tinham afastado esse medo. Mas ela não esperava aquele repentino desejo
que tomou conta dela, afastando todas as barreiras da inocência e
inexperiência.
Joe a acariciava suavemente, levando-a a uma loucura
incontrolável, antes de possuí-Ia completamente. A dor era intensa e profunda,
e Demi gritou para que ele parasse, mas seu grito foi ignorado. Por um momento
a dor e a mágoa se transformaram em ressentimento, e ela começou a lutar contra
aquele domínio. Mas, como se Joe já esperasse por isso, o corpo dele a fez
sentir depois da dor o prazer, um prazer que Demi nunca havia conhecido, e seus
gritos tornaram-se vagarosamente murmúrios de desejo.
Ela adormeceu nos braços dele, tendo certeza de que não
havia felicidade maior. Não se envergonhava do que acontecera. Tinha sido
natural e bonito, e Demi sentiu-se gratificada pela paciência e habilidade de
Joe.
Na manhã seguinte, ela ainda experimentava as mesmas
sensações, mas num clima diferente. Enquanto dormia, Joe havia revistado o
apartamento e descoberto a falsa identidade de James Myers. Ele conseguiu a
primeira página do jornal, e Demi só ficou sabendo disso quando chegou ao
serviço.
Viu o artigo e reconheceu o nome Myers assim que começou a
lê-Io. A matéria estava assinada por Joe, e ela ficou tão abalada que seu chefe
a dispensou. Quando chegou ao apartamento, havia vários repórteres e policiais
e nenhum deles a tratou com gentileza. Os jornais a descreviam como "a
informante de Joe".
Ashley voltou do campo com os pais, e Sr. Arthur fora
extremamente rude ao usar a influência que tinha. No fim da semana, o chefe
pediu para que Demi arrumasse outro emprego. Ela trabalhava num escritório de
advocacia e, como ele disse, com grande embaraço, os clientes não confiariam
numa firma cuja funcionária tivesse traído a confiança de amigos.
Ela sentiu vontade de esclarecer todo o equívoco, porém seu
orgulho era mais forte e permaneceu calada. Seu único crime foi imaginar-se
amada, pois jamais diria uma palavra que pudesse quebrar a confiança de alguém.
A polícia a interrogou exaustivamente. E quando Sr. Arthur
morreu de um ataque cardíaco, logo após ter ido para o tribunal, Demi recebeu
uma avalanche de cartas terrivelmente acusadoras. Foi quando decidiu trocar de
nome.
Por três meses viveu num verdadeiro inferno e daquela época
em diante não ouviu mais falar de Joe. Tampouco tentou encontrá-Io. Apenas o
orgulho tinha lhe dado forças para atravessar aquela fase, mas a confiança em
si e a inocência nunca mais voltariam...
A porta foi aberta, apagando o passado. Demi desviou os
olhos da lista telefônica para olhar Joe. Ela correu o dedo pela lista até
parar numa agência de empregos.
— Você está sem sorte? — ele perguntou
sarcasticamente.
Demi tentou não responder; fechou a lista e colocou uma
folha na máquina.
— Desculpe Sr. Jonas.
— Sr. Jonas? Nós não precisamos ser tão formais, Devonne!
— Não me chame assim! — gritou ela.
— Por que não? Esse não é o seu nome?
— Não é mais. Eu o enterrei, com o passado.
— Muito bem. Diga-me, Demi, você trouxe alguma coisa da
Devonne com você, quando resolveu mudar sua personalidade?
— Nada — afirmou. Por que ele queria relembrar um passado
que ela tanto desejava esquecer?
— É uma pena! Pelo menos ela era quente... Uma mulher viva.
— Que você matou!
— Por que está dizendo isso?
Quanta inocência pensou amargurada. Como ele podia
perguntar-lhe isso? Não a tinha usado friamente até conseguir a história que
lhe interessava e depois a abandonara? Ken sabia como ela se sentia em
relação a ele, nunca fora segredo. Ele era inteligente, devia imaginar como ela
reagiria, e quanto ficara angustiada. Demi soube por intermédio de um fotógrafo
que trabalhava com Joe, num encontro casual três meses depois, que ele havia
partido para o exterior e que a carreira dele estava no auge.
— Quer dizer que não ficou nada do passado? — insistiu Joe.
Ele a olhava intensamente. O que ele queria agora? Demi
tentava imaginar.
— Nada.
— Não minta Demi! — gritou ele, com raiva. — Eu vi seu rosto
quando você entrou no escritório. Você me odeia, não é?
— É lógico! O que você esperava? Depois de tudo o que me
fez...
Ele a observou por alguns instantes e depois continuou:
— Você está certa. A Devonne que conheci não teria ficado
tão ressentida nem teria se tornado tão amarga. A Devonne que pensei conhecer
nunca... — Ele parou de falar e se aproximou dela, encarando-a.
Demi pensou notar algum tipo de emoção nos olhos dele que,
se existiu, desapareceu instantaneamente. .
— Você está segura de si. Já disse o que queria, mas eu não
pretendo trabalhar com uma secretária que olha para mim desse jeito. Por isso,
se eu fosse você, procuraria mudar de idéia. — Indo em direção à porta,
continuou: — Pelo menos uma coisa não mudou se é que as fofocas são
verdadeiras. Parece que você ainda sente prazer em chutar os homens, com uma
única e notável exceção.
Demi engoliu em seco ao ouvir aquela acusação e ao perceber
o sorriso cínico que acompanhou as últimas palavras dele. Ia pedir uma
explicação, quando Joe prosseguiu:
— Parece que você não vai mudar em relação a mim, Demi. Você
me odeia e me despreza certo?
Como ela não respondesse, ele perguntou:
— Por isso você acabou escolhendo Taylor? Ele não é um
homem... É um palerma!
Demi empalideceu, e ao erguer o olhar viu Joe saindo da
sala. Não conseguiu conter as lágrimas.
Bom gente ai ta a nova fic espero que vocês gostem.Beijos
eu eu eu
ResponderExcluireu já gostiiiii
mais ficou com um gostinho de quero mais
hum...
posta gataaaaaaaaaaaa
Bju
Hey! Nova leitora!
ResponderExcluirEssa fic vai ser perfeita!
Amo fics misteriosas!
Elas nos entretêm!
O capítulo tá lindo!
E eu li o post lá que você pediu ajuda pra tirar a confirmação que a pessoa é humana nos coments e vou te ajudar! Não sei se você conseguiu mas eu vou!
Vá em seu painel e do lado do botão laranja de escrever novas postagens vai ter um cinza com uma setinha pra baixo do lado.
Clique na setinha, e depois em configurações, depois postagens e comentários e no 4º item de comentários vai estar assim 'Mostrar verificação de comentários' e você seleciona o 'Não', e pronto, não terá mais a verificação!
Espero ter ajudado!
POSTA LOGO!
Beijos :**
Bruh :33
Lindooooo posta loho omg perfeito!!!
ResponderExcluirPERFECT... nova seguidora e fã :D posta logo
ResponderExcluir